por Edson Luiz Spenthof
O Colóquio Ibero-Americano de Professores de Jornalismo, que finalizou o terceiro dia do XI ENPJ, contou com a participação de Ramón Salaverría, da Universidade de Navarra (Espanha) e Nilson Lage, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Compuseram a mesa, ainda, o professor Gerson Luiz Martins, em seu último dia como presidente do FNPJ, e Leonel Aguiar, docente da PUC-Rio e novo diretor-científico do FNPJ.
Salaverría, especialista em mídia digital, ao contrário de algumas opiniões, acredita que o jornalismo digital não ameaça os demais meios de comunicação. Ele revelou que, na Espanha, a mídia televisiva atinge cerca de 90% da população, mas é a Internet que serve como maior fonte de notícias para os espanhóis; a TV é tida mais como fonte de entretenimento. Uma observação relevante abordada pelo professor da Universidade de Navarra é que o webjornalismo apenas poderá ser considerado uma legítima fonte de informação quando tiver repórteres exclusivos, que produzam conteúdo de acordo com a linguagem da Internet.
Além disso, ele mostrou como o ciberjornalismo pode influenciar as mídias mais tradicionais. Um exemplo é o fato de grande parte dos jornais impressos voltados à temática esportiva atualmente possuirem editorias personalizadas para cada grande clube de futebol, tendência que começou com os sites especializados.
O professor Nilson Lage, por sua vez, centrou sua palestra nos defeitos e vícios do Jornalismo. Ele comentou como os profissionais da área se apóiam nos chamados “especialistas”, que acabam sendo os que constroem a reportagem, em detrimento dos jornalistas, que muitas vezes não apuram a informação. “Não é o jornal que faz a notícia, mas sim um sistema complexo”, disse.
Quanto á questão do ensino, Lage observou que as universidades, em sua maioria, preocupam-se mais em formar os alunos ideologicamente do que em instruí-los de acordo com a realidade do mercado de trabalho. Por fim, o professor criticou a enorme quantidade de cursos de Jornalismo existente no país, já que não há possibilidade de o mercado absorver todos os profissionais recém-formados, além de muitas graduações não apresentarem qualidade satisfatória.
Renato Santana e Vanessa Marinelli