Os professores, coordenadores e estudantes dos cursos de Jornalismo representados no IV Encontro Sul-Brasileiro de Professores de Jornalismo, evento regional da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo – ABEJ, (anteriormente denominado Fórum Nacional de Professores de Jornalismo – FNPJ), realizado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba no Paraná, debateram, nos dias 26 e 27 de outubro de 2017, as mais recentes mudanças na formação jornalística no Brasil, sob o tema “O ensino de Jornalismo em tempos de crise: entre diretrizes curriculares, plataformas convergentes e os desafios do interesse público”.
Junto a discussões e apresentação de trabalhos, bem como à reunião de coordenadores, atividades integrantes dos encontros regionais e nacional da Abej/FNPJ, o evento contou com a conferência do professor Eduardo Meditsch que abordou os eixos temáticos propostos para o evento. O professor destacou a crise política brasileira, denunciou o desmonte do Estado nacional e as situações de exceção que colocam em risco a democracia no país. Meditsch discorreu sobre a crise profunda que se abate sobre as instituições públicas brasileiras – em específico as de ensino – e enfatizou o papel exercido pelo jornalismo neste cenário, com sucessivas reduções de investimentos na qualidade do exercício profissional, o que conceituou como um estado de “degenerescência programada” que atinge as instituições jornalísticas.
Em acordo com a conjuntura apresentada por Eduardo Meditsch, os professores e estudantes que participaram do IV Encontro Sul-Brasileiro de Ensino deJornalismo repudiam as ações do governo ilegítimo de Michel Temer. Repudiam os cortes de verbas em políticas e programas públicos de todos os setores, principalmente os de Ciência, Tecnologia e Educação que afetam diretamente as atividade de ensino, pesquisa e extensão. Em 2017, o CNPq contabiliza um corte de44% do seu orçamento previsto. Tais ações têm prejudicado o desenvolvimento da educação, reduz recursos para o fomento de eventos e atividades de divulgação científica, restringe o número de bolsas destinadas a pesquisadores e estudantes, e contingencia o investimento para o ensino superior e para a pós-graduação. A redução de recursos para o desenvolvimento científico significa limitar as bases das atividades de pesquisa, com consequências econômicas e sociais severas para o futuro do país.
Nesse cenário, pensar e debater a aplicação das diretrizes continua, para os professores presentes, uma forma de avançar na consolidação das especificidades da formação superior em jornalismo, reconhecendo as profundas transformações pelas quais tem passado a área nestes últimos anos. Sob esse sentindo, os professores manifestam preocupação com as ações do Inep/Mec no que diz respeito a não aplicação das Diretrizes nos processos de avaliação, reconhecimento e credenciamento dos cursos de jornalismo. Da mesma forma, denuncia a descontinuidade das atividades do grupo técnico de avaliação das diretrizes curriculares, o que coloca em sério risco o projeto construído pelas entidades da área para a formação de jornalistas.
Curitiba, 27 de outubro de 2017