SBPJor elege Marques de Melo como pesquisador número 1 do jornalismo brasileiro
por Da Redação
Durante a Assembléia de instalação da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo – SBPJor -, realizada no campus da Universidade de Brasília, na manhã do dia 29 de novembro de 2003, o Professor José Marques de Melo, titular da Cátedra Unesco/Umesp de Comunicação, foi homenageado pela equipe inspiradora da nova entidade, que o escolheu para figurar como Pesquisador Número 1 no seu livro de associados. A homenagem foi proposta pelo Prof. Dr. Eduardo Meditsch (UFSC), diretor científico da SBPJor, que justificou aos presentes o seu pioneirismo acadêmico. Ele explicou que o pesquisador Marques de Melo legitimara academicamente o Jornalismo como nova área de conhecimento, ao defender, há trinta anos, na Universidade de São Paulo, a primeira tese de Doutorado do Brasil. A proposta foi acolhida por unanimidade, tendo o homenageado recebido uma ovação dos participantes, ao assinar, em primeiro lugar, a lista dos fundadores da SBPJor, muitos deles seus antigos alunos ou discípulos acadêmicos durante programas de bacharelado, mestrado e doutorado. Carreira acadêmica A carreira acadêmica de José Marques de Melo foi iniciada, há 40 anos, na cidade do Recife, durante sua fase estudantil na Universidade Católica de Pernambuco. Ele foi responsável pelo primeiro projeto de Iniciação Científica no campo do Jornalismo, desenvolvido sob a orientação do Professor Luiz Beltrão, fundador do Curso de Jornalismo daquela universidade. Com o título “A crônica policial na imprensa do Recife”, esse trabalho foi publicado no volume 1, número 2, da revista “Comunicações & Problemas” (1965). Diplomado em Jornalismo pela UNICAP (1964), ele recebe bolsa de estudos para realizar estudos de pós-graduação na Universidade Central do Equador, onde estava sediado o Centro Internacional de Jornalismo para a América Latina, mantido em convênio com a UNESCO. Sua dissertação intitulada “Um dia na imprensa brasileira” foi divulgada, em versão resumida, pela revista “Cadernos de Jornalismo” (n. 8), publicada pelo Jornal do Brasil (1967) e reproduzida em inglês, francês, espanhol e russo pela revista “The Democratic Journalist”, vol. XVI, n. 11 (1968), editada em Praga pela OIJ – Organização Internacional dos Jornalistas. Ao ingressar, em 1967, no quadro de docentes fundadores da Escola de Comunicações Culturais da Universidade de São Paulo (hoje ECA-USP), ele se inscreveu no Programa de Doutorado da instituição, vindo a defender, em 1973, sua tese “Fatores sócio-culturais que retardaram a implantação da imprensa no Brasil”, publicada em livro pela Editora Vozes, no ano seguinte, sob o título “Sociologia da Imprensa Brasileira”. Uma nova edição desse livro foi publicada em 2003 pela Editora da PUC do Rio Grande do Sul, sob o título “História Social da Imprensa”, restaurando a versão original da tese de doutorado defendida há trinta anos. Logo após a conquista do doutorado na USP, o Professor Marques de Melo foi agraciado com bolsa de pós-doutorado da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, permanecendo na University of Wisconsin durante o ano letivo 1973-1974, onde escreve a monografia intitulada “Tendências no ensino de pós-graduação em Jornalismo nos Estados Unidos da América”. Afastado das atividades acadêmicas, por ato arbitrário do governo militar, em 1974, ele somente retorna à USP, em 1979, beneficiado pela lei da anistia política. Reinicia, então, sua carreira acadêmica, dedicando-se à elaboração da tese de livre-docência, que foi defendida em 1983, sob o título “Gêneros Opinativos no Jornalismo Brasileiro”. Esse estudo foi publicado sob a forma de livro pela Editora Vozes, em 1985, tendo sido reeditado em 2003 pela Editora Mantiqueira sob o título “Jornalismo Opinativo”. Em 1985, ele fez concurso para a função de Professor-Adjunto, chegando ao topo da carreira acadêmica em 1987, quando se torna o primeiro docente do Curso de Jornalismo da ECA-USP a conquistar o cargo de Professor-Titular. No ano seguinte, o Professor Marques de Melo foi agraciado com bolsa de estudos avançados do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – para realizar o projeto de análise comparativa entre o papel da imprensa na transição democrática espanhola, publicado sob a forma de livro pela Editora Summus, com o título “Espanha: sociedade e comunicação de massa” (1989). Nesse mesmo ano, foi concitado por seus colegas e alunos a se candidatar a Diretor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, tendo sido escolhido, em eleição direta, com expressiva votação da comunidade, merecendo também a confiança do Reitor José Goldenberg, que o nomeou imediatamente. Exerceu o cargo durante o triênio 1989-1993, optando por aposentar-se , logo após o seu mandato administrativo. Em 2001 foi agraciado pela Congregação da ECA-USP com o diploma de Professor Emérito, permanecendo até os dias de hoje como colaborador voluntário da instituição, onde orienta pesquisas de mestrado, doutorado e pós-doutorado. Dirige atualmente o projeto temático “Pensamento Jornalístico Brasileiro”. Sociedade científica A Sociedade Brasileiro de Pesquisadores em Jornalismo – SBPJpr – vem sendo cogitada, no último decênio, pelos cientistas que privilegiam o Jornalismo nas universidades brasileiras, todos eles aglutinados em grupos de trabalho ou núcleos temáticos das sociedades científicas do campo da comunicação (COMPÓS ou INTERCOM) ou das associações vinculados a áreas conexas (semiótica, lingüística, literatura ou ciências sociais). A decisão de fundar uma entidade específica foi motivada pela necessidade corporativa de resgatar a identidade profissional do Jornalismo, bem como pela consciência coletiva de que essa disciplina das ciências da comunicação arregimentou suficiente massa crítica, constituída por mais de uma centena de mestres, doutores e livre-docentes que se dedicam ao estudo de objetos nitidamente jornalísticos. Esse contingente acadêmico foi mobilizado por um grupo de pesquisadores vinculados a distintas universidades brasileiras, presentes aos recentes encontros anuais da COMPÓS (Recife) e INTERCOM (Belo Horizonte). A convocatória para a reunião de Brasília (18-19 de novembro de 2003) mereceu ampla acolhida, logrando a inscrição de 84 trabalhos, distribuídos em 12 mesas redondas, organizadas em torno da temática “A institucionalização da pesquisa em jornalismo no Brasil”. Todos os trabalhos selecionados foram reunidos em publicação digital (CDRom), editada pela Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, instituição que comemora, neste ano de 1973, os 40 anos de fundação do seu Curso de Jornalismo, por iniciativa do jornalista Pompeu de Souza. A assembléia de fundação da SBPJor contou com a presença de mais de uma centena de participantes, que aprovaram o estatuto da entidade, elegendo também sua primeira diretoria para o biênio 2004-2005. A equipe dirigente está constituída por: Elias Machado (UFBA), presidente; Luiz Gonzaga Motta(UNB), vice-presidente; Eduardo Meditsch (UFSC), diretor científico; Victor Gentilli (UFES), diretor administrativo; e Dione Moura (UNB), diretora editorial. O ato de criação da SBPJor foi prestigiado pelo Presidente da Fundação CAPES, órgão do Ministério da Educação responsável pelo acompanhamento e avaliação do sistema nacional de pós-graduação, Marcel Bursztyn, bem como por representantes das principais sociedades científicas brasileiras, entre elas a SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. A sede da SBPJor será a cidade de Brasília, ficando deliberado que o próximo encontro dos pesquisadores da área se realizará no campus da Universidade Federal da Bahia, em novembro de 2004.
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