Professores abordam pontos necessários ao bom ensino da profissão
por Edson Luiz Spenthof
Os professores Graça Caldas, da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), e Eduardo Meditsch, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), falaram sobre o perfil do professor de Jornalismo no segundo painel do XI ENPJ.
A professora da Umesp defendeu a idéia de que o professor, assim como o jornalista, deve ser político, ético, lógico, crítico, utópico, mobilizador e transformador em última instância. Ela acredita que o professor da área deve levar em conta o tempo histórico em que seus alunos e o jornalismo se encontram, além da idéia de que um bom docente deve trabalhar além da sala de aula, auxiliando no desenvolvimento dos valores morais dos futuros profissionais. Graça citou a pedagogia de Paulo Freire e enumerou pontos que devem ser defendidos pela postura do professor na sala de aula, lembrando que o perfil do docente influencia no desenvolvimento do indivíduo jornalista.
Eduardo Meditsch apontou os mesmos tópicos levantados por Graça Caldas. No entanto, alertou para o fenômeno de jornalistas que, desiludidos com a profissão, decidem se tornar professores, passando a idéia errônea da área para os alunos. Ele também apresentou duas falsas dicotomias persistentes nos cursos de jornalismo: a primeira é a negação do caráter aplicado do jornalismo. Com isso, durante muito tempo, foi fomentado um preconceito contra o ensino técnico que não tem paralelo em outras profissões. A outra dicotomia diz respeito à especificidade do jornalismo em relação à multidisciplinaridade da comunicação. Com a imposição das escolas polivalentes pela Unesco, afirma Merditsch, tivemos uma nítida separação entre o ensino da prática, centrado na especificidade da profissão, e o ensino da teoria, focado na generalidade da comunicação e ministrada por comunicólogos que não só não estabeleciam a ligação com a prática como estimulavam uma crítica destrutiva dessa prática. Meditsch afirma que o problema não é a teoria da comunicação em si, mas o fato de estar divorciada da prática. É aí que cabe muito bem, segundo o expositor, a teoria do jornalismo já criada por Luiz Beltrão na década de 1960 e jogada fora por esse modelo.
Por: Marcela Colasurdo De Mingo
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