por Da Redação

Por Luiz Martins, Diretor Científico do FNPJ

Ainda há possibilidades para que prevaleça na nova Tabela de Áreas do Conhecimento (TAC), em fase final de elaboração por uma Comissão mista (CNPq/CAPES/FINEP), o chamando “Consenso de São Paulo” no que se refere à área de Comunicação. Tanto os prazos para reconsiderações vão até este dia 31 próximo, quanto houve por parte do presidente da Comissão, prof. Manuel Domingos Meto, vice-presidente do CNPq, uma clara demonstração de flexibilidade para com novos reajustes, desde que não haja excesso de subáreas. Ele disse ser impraticável que a área de Comunicação fique com dez subáreas, como foi proposto pelo documento enviado à Comissão pela representante da área de Comunicação junto ao CNPq, professora Maria Imacolatta Vassalo Lopes. O propósito da Comissão é encerrar os seus trabalhos no próximo dia 16.

Durante o encontro mantido em seu gabinete, em Brasília, no último 25/10/2005, com representantes do FNPJ, da SBPJor, da Intercom e da FENAJ, respectivamente, Luiz Martins da Silva; Elias Machado e Luiz Gonzaga Motta; Nélia Del Bianco; e Iran Alfaya, o presidente da Comissão CNPq/CAPES/FINEP solicitou que as várias entidades da área da Comunicação no Brasil façam o maior esforço possível para que esse campo não fique pulverizado de subáreas, pois, segundo argumentou, isso dificultaria o trabalho das agências de fomento, dos respectivos comitês assessores e na própria distribuição de processos, por parte dos escalões técnicos, para julgamento do pares.

Durante o encontro realizado no CNPq, Domingos lamentou várias vezes os mal-entendidos decorrentes da localização do JORNALISMO entre as especialidades da nova TAC. Chegou a supor que houve proposital difusão de uma incompreensão em torno do assunto, tal o número de e-mails de protestos recebidos. Referindo-se a um número virtual de “três mil mensagens”, disse ter certeza que os autores das veementes queixas não leram o documento sobre a nova tabela, não entenderam qual será a função da nova tabela e foram injustos para com a Comissão que, segundo ele, não tem nenhuma intenção de ‘rebaixar’ quem quer que seja, até mesmo porque, conforme esclareceu, classificar um campo do conhecimento como especialidade não significa rebaixa-lo, ao contrário, até torna mais fácil o trabalho de julgamento das propostas de pesquisas, bolsas, auxílios etc.

O professor Manuel Domingos Neto disse que houve problemas com outras áreas, facilmente solucionados, segundo informou, diferentemente do que ocorreu com o Jornalismo. Ele disse que o papel da Comissão Mista é o de mediação, razão pela qual “não adianta vir com tiroteio se encontrarem alguma falha”. Informou que o trabalho da Comissão não é nada fácil, em parte, por conta das “idiosincrasias dos cientistas brasileiros”. Informou também que a presente rodada de consultas sobre a classificação das áreas é a terceira, com possibilidade de uma revisão da mesma, dentro de um ano. Disse que a primeira TAC (elaborada no passado por outra Comissão) ficou um monstrengo impraticável; que a segunda tentativa ainda ficou capenga; e que é necessário, portanto, que se faça o possível para que o esforço atual não fracasse, já que iniciativas semelhantes no passado foram “torpedeadas”.

O apelo do vice-presidente do CNPq quanto à área de Comunicação foi, então, no sentido de que as entidades envolvidas encontrem uma forma de enxugar (a proposta de São Paulo) de uma dezena para quatro ou cinco subáreas, no máximo seis. Ao ser informado da reunião do Conselho da Compós, marcada para os dias 27 e 28, em Brasília, quando deverá estar presente a professora Imacolatta, o Professor Domingos concordou que seria uma excelente ocasião para se fazer um exercício de recomposição da proposta da área. Ele explicou que a exigência de uma classificação das unidades do conhecimento é uma exigência que está na Constituição, podendo ser atendida com uma classificação para cima, por meio da indicação de uma “Gande Área” e para baixo, por meio de uma “Subárea”. Disse que as classificações tornam-se mais fáceis quanto mais genéricas, embora compreenda que há ingressos inevitáveis, sobretudo quando estão envolvidos avanços tecnológicos, como é o caso da informática. Citou como área de fácil solução a Sociologia, por sinal, uma das suas especializações.

“O trabalho da Comissão é de mediação”, insistiu Domingos, entre o Estado e a Comunidade, daí, a pluralidade da Comissão, composta por 18 membros. “De nada adianta os agentes do Estado tentarem fazer esse trabalho sozinhos, da mesma forma que não adianta os cientistas resolverem o assunto sozinhos”.

Especialmente no se refere aos protestos pela localização do JORNALISMO como subárea, que ele qualificou de “revolta sem causa”, Domingos deixou claro que “ninguém está querendo impor nada” e que a versão da TAC publicada no portal da CAPES foi ali exposta exatamente para ser objeto de manifestações, embora ele tenha considerado as manifestações dos ‘jornalistas’ como equivocadas, pois, reafirmou, não houve o suposto rebaixamento. Ele foi sensível, no entanto, às informações que lhe foram transmitidas, no sentido de que a exclusão do Jornalismo como subárea da Comissão não condiz com o crescimento desse campo no Brasil, especialmente no que se refere à produção acadêmica e à organização institucional, haja vista, a criação da SBPJor; o funcionamento de um GT de Estudos de Jornalismo na Compós; a representatividade do campo do jornalismo na Intercom; a consolidação do FNPJ; e a atuação da FENAJ, por mais de 60 anos atuando em defesa de uma formação acadêmica para o jornalismo. “O problema do jornalismo está resolvido”, concluiu Domingos, no sentido de que, após os esclarecimentos prestados pela delegação que o visitou em seu gabinete no CNPq, ele acha mais difícil resolver a situação de outros segmentos, que terão, eventualmente, de promover fusões.

Esta são as 10 subáreas a serem reduzidas para quatro ou cinco, seis, no máximo:

➢ Epistemologia da Comunicação

➢ Cinema e Audiovisual

➢ Rádio e Televisão

➢ Jornalismo

➢ Relações Públicas e Comunicação Organizacional

➢ Publicidade e Propaganda

➢ Editoração e Cultura do Impresso

➢ Cibercultura

➢ Cultura Midiatizada

➢ Comunicação e Interfaces

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