CARTA DE TERESINA
Os professores e professoras dos cursos de Jornalismo associados à Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo e participantes do 21o Encontro Nacional de Ensino de Jornalismo, realizado na Universidade Federal do Piauí, em Teresina, entre os dias 20 e 22 de abril de 2022, de forma híbrida (presencial e remota), consideraram os resultados dos debates promovidos no evento e aprovaram o presente documento.
É fundamental a necessidade de compreender a atuação dos professores em um contexto marcado pelas disputas com atores do campo da comunicação. Assim, os professores devem atuar para que os futuros jornalistas assumam um papel protagonista no sentido de ocupar espaços de atuação, considerando a qualidade da produção jornalística e a centralidade do jornalismo, conforme exposto pelo professor Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa, Portugal) em sua palestra de abertura do evento.
Essa ação exige a compreensão dos professores dos cursos de jornalismo sobre o papel central que a formação tem. Considerando uma conjuntura marcada pela precarização das condições de trabalho, depreciação do ensino e do trabalho jornalístico por atores políticos e também pela lógica empresarial que sobrepõe o lucro ao interesse público, conforme debatido no 17º Pré-Fórum da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ), um desafio para os professores é apresentar aos estudantes este cenário, sem abrir mão das orientações no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão, que podem preparar os estudantes para compreender esta realidade. Deste modo, será possível oferecer alternativas para reverter processos de desvalorização do Jornalismo e avançar em iniciativas que podem se tornar referências.
Assim, é fundamental que as instituições de ensino de jornalismo apostem em atividades que permitam aos estudantes a construção das relações entre teoria e prática por meio do ensino, da pesquisa e da extensão que permitam a oferta de produtos jornalísticos universitários de caráter inovador e com inserção social, em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Jornalismo e com a legislação que estabelece a curricularização da extensão universitária e que passará a ser obrigatória a todos os cursos.
A extensão universitária qualificada deve ser uma ponte fundamental para provocar transformações nas instituições de ensino e no meio social tendo como foco a construção de uma formação cidadã dos futuros jornalistas.
Este é um desafio às equipes de professores que não pode estar dissociado da busca por conhecimentos, competências e habilidades relacionadas ao ensino de Jornalismo, às metodologias educativas e às técnicas que aprimorem os processos de aprendizagem e do compromisso das instituições de ensino com os investimentos em infraestrutura, na valorização dos professores e do corpo técnico-administrativo para o desenvolvimento de projetos de pesquisa e de extensão inovadores.
O ensino deve considerar o contexto das tecnologias digitais, a diversidade, as transformações no mundo do trabalho e as múltiplas realidades dos nossos estudantes. É preciso compreender quem são esses futuros profissionais, seus hábitos de consumo, suas limitações, seus receios. Bem como deve-se levar em conta a diversidade de perfis, incluindo aí os estudantes com necessidades educacionais especiais, incluindo pessoas com deficiência (PCD), para promover um ensino de Jornalismo que permita o crescimento intelectual e técnico na área, com vistas à formação de profissionais dotados de olhar crítico e com condições de desenvolver jornalismo de qualidade, encarando os dilemas éticos e as contradições sociais.
A Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (Abej) tem um papel central em todos estes desafios. A entidade deve ser compreendida, como um espaço fundamental no apoio/suporte aos professores e aos cursos de Jornalismo, uma vez que seu compromisso é com a formação e com a qualidade do ensino de jornalismo. Assim, os professores reunidos no 21o Enejor aprovaram as seguintes ações a serem promovidas pela associação e pelos professores de jornalismo:
1. Promover um ensino de jornalismo que considere a conjuntura atual a partir de um senso crítico que permita a construção de ações inovadoras aos futuros jornalistas;
2. Avançar na busca por conhecimentos metodológicos e condições de trabalho junto às instituições públicas e privadas que possibilitem aos professores avançarem em suas carreiras docentes, com vistas à qualidade do ensino;
3. Orientar sobre a qualidade nas atividades de extensão, promovendo iniciativas de jornalismo universitário como alternativas à sociedade;
4. Desenvolver ações de sensibilização de professores e instituições e difundir técnicas no sentido de promover a inclusão e a acessibilidade, considerando a diversidade dos alunos de jornalismo;
5. Promover o fortalecimento da Abej, entidade fundamental para a defesa da qualidade do ensino em jornalismo, assim como de seus eventos e do seu periódico, a Rebej.
Teresina, 22 de abril de 2022.