por Edson Luiz Spenthof
As diferentes interpretações que rodeiam o estágio de jornalismo foram levantadas em três momentos do XI Encontro Nacional de Professores de Jornalismo – Pré-Fórum e Encontro de Coordenadores de Curso (dia 18) e na assembléia de encerramento (dia 21).
A mesa do Pré-Fórum foi composta por Edson Spenthof, do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ); Danilo Bueno Ipolito, da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social da regional Sudeste 1 (ENECOS); José Augusto, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo; Sérgio Murillo, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj); e Valci Zuculoto, do FNPJ e da Fenaj.
A polêmica que envolve a contribuição do estágio para a formação do discente jornalista é complexa, uma vez que instituições – sindicato e federações –, empresas e estagiários divergem quanto ao assunto. Discute-se a prática em redações, pois sua regulamentação é imprecisa, fazendo com que existam pontos de vista distintos. Entretanto, os professores ressaltaram como a atividade é imprescindível para o complemento do conhecimento, ainda que não substituindo o ensino prático em laboratório.
Sérgio Murillo, da FENAJ, disse concordar que “o estágio pode ser importante, mas não deve substituir a formação, e sim contribuir com ela”. Além disso, afirmou que “a delimitação do número de estagiários por redação ou empresa se dará na seguinte proporção: de um a dez profissionais jornalistas, um estagiário; de dez a 20 profissionais, dois estagiários; acima de 20 profissionais, um estagiário para cada dez profissionais, mas limitado ao número total de dez estagiários”.
Edson Spenthof, do FNPJ, relatou que “não deve existir estágio sem o consenso de alunos, professores e empresas”. Ele expôs as propostas do FNPJ, dentre elas o acompanhamento no âmbito das escolas e das empresas e a não-obrigatoriedade do estágio. “Esta questão é relevante aos alunos, pois alguns preferem ter contato com a prática dentro dos laboratórios das universidades”, ressaltou.
Para Danilo Bueno Ipolito, da ENECOS, empresas e estagiários regem-se pelas regras do mercado, uma vez que o estudante deseja independência e crescimento profissional. Ele condenou a interrupção do curso ou o trabalho fora da área de atuação em situações nas quais os alunos não possuam condições financeiras para realizar o curso de graduação.
Franklin Valverde, inscrito no evento, lembrou que, de 1969 a 1979, o estágio na área de Jornalismo era obrigatório para a conclusão do curso, por isso, as empresas ficaram infladas, o que alterou a realidade da prática.
Tais Mendonça, supervisora de estágio na UnB, expôs medidas que melhorariam a qualidade e a integração do estágio com a instituição. “Visito as empresas onde meus alunos participam. Acima de 25 horas de trabalho, as propostas devem ser analisadas por mim. Acima de 30 horas, dificilmente aprovo”.
Os palestrantes demonstraram-se unânimes quanto à necessidade de melhorar as condições aos estagiários, para que estes possam dedicar-se tanto à empresa, quanto à universidade, unindo conhecimentos teóricos a práticos.
Andréa Costa e Vanessa Marinelli