Entidades do jornalismo defendem diploma e novas diretrizes curriculares
por Da Redação
O 9º Pré-Forum Fenaj, realizado nesta quarta-feira (21), no Hotel Atlante Plaza, em Recife, teve como tônicas da defesa da proposta de novas diretrizes curriculares para o ensino do jornalismo e da retomada da exigência do diploma de graduação específico para o exercício da profissão. A atividade integra a programação do 13° Encontro Nacional de Professores de Jornalismo, organizado pelo FNPJ (Fórum Nacional de Professores de Jornalismo).
Integraram a mesa de debates os presidentes do FNPJ, Edson Spenthof, da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), Carlos Franciscato, e da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, com a mediação do jornalista Ricardo Melo, professor da Unicap, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Pernambuco e diretor do FNPJ.
Spenthof defendeu a proposta de diretrizes curriculares em tramitação no CNE (Conselho Nacional de Comunicação), classificada como “um alento” em um ano marcado por perdas para o jornalismo, como a revogação da Lei de Imprensa e da obrigatoriedade do diploma, nos dois casos em decisões do STF. Em sua opinião, a proposta tem como principal mérito o de fortalecer a especificidade do ensino de jornalismo, condição importante inclusive para permitir que dialogue de forma autônoma com as demais áreas da comunicação.
O presidente do FNPJ criticou a decisão do STF sobre o diploma. Ressaltou que a corte demonstrou desconhecimento da profissão e de conceitos básicos da comunicação. “A liberdade de expressão foi confundida com o exercício da profissão, com prejuízo da liberdade de expressão”, disse.
A defesa da proposta de novas diretrizes curriculares para o ensino de jornalismo, elaborada no ano passado sob a liderança do professor José Marques de Melo, foi o principal ponto da fala do jornalista Carlos Franciscato, da SBPJor, que criticou pontualmente a maioria dos argumentos que vem sendo levantados ao documento. Em sua opinião, o documento garante um avanço enorme à pesquisa e ao ensino de jornalismo, ao garantir a constituição de um curso específico.
Golpe
O tema também foi tratado pelo presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, que criticou pessoas e organizações que estão se posicionando contra o documento, e que não apresentaram contribuições quando da sua elaboração, apesar de ter havido um processo amplo e participativo. “Não participaram e agora atuam para boicotar o processo. Isto é golpe”, enfatizou.
Andrade também defendeu a implantação imediata das decisões da 1ª. Conferência Nacional de Comunicação, entre as quais a nomeação do Conselho Nacional de Comunicação e o início dos debates sobre o um novo marco regulatório para a comunicação no país, que substitua a revogada Lei de Imprensa. “Precisamos de normas específicas para regular o funcionamento da mídia no Brasil”, disse.
O jornalista foi também enfático na crítica à decisão do STF sobre o diploma de jornalismo. “O critério para ser jornalista hoje é estar vivo”, ironizou. Mostrou, por outro lado, otimismo em relação às várias alternativas de luta para reverter a decisão, entre as quais destacou as propostas de emenda à Constituição apresentadas na Câmara dos Deputados e Senado. Em sua opinião existe um clima favorável no Congresso, mas é preciso que as escolas de jornalismo, os estudantes e as entidades do setor mantenham a mobilização e o debate com a sociedade sobre a importância da profissão.
Texto: Paulo Roberto Botão – Foto: Gerson Martins
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