por Da Redação

Com mais de 100 participantes e 60 trabalhos inscritos, terminou sábado, 18/10, o II Encontro de Professores de Jornalismo do Distrito Federal, Goiás e Tocantins. O evento, que teve lugar na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, reuniu professores, jornalistas e universitários dos três estados para discutir “A formação do jornalista multimídia”, tema que agitou a platéia já a partir da abertura. “O jornalista é refém na guerra pelo controle da informação”, disse a professora e coordenadora do evento, Thaïs de Mendonça Jorge, da UnB, em fala que deu início ao debate. Ela se referia ao episódio do dia, o caso do seqüestro de Santo André que chocou o país, quando o governo de São Paulo anunciou precocemente a morte da adolescente Eloá, e muitos veículos deram a informação on-line, sem checar.

O professor do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) Leandro Fortes fez a palestra “A batalha do diploma: a soma dos desequilíbrios”. Repórter da revista Carta Capital, Fortes afirmou que os jornalistas “são os únicos profissionais do mundo que querem acabar com o próprio diploma, o que mostra o desprezo acadêmico pela profissão”. Ele abordou o recurso que será julgado pelo Supremo Tribunal Federal sobre a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão de jornalista.

“Se o diploma não for mais obrigatório, nos pequenos jornais de todo o país, os jagunços e capangas vão assumir as redações; já nos grandes, as universidades serão substituídas por escolas de monstrinhos que, ao invés de ensinar, vão doutrinar as pessoas de acordo com seu veículo, gerando profissionais que não se preocupam mais com o leitor, mas sim com o coleguinha, num jogo de vaidades”, constatou Fortes. Para ele, o curso de Jornalismo é essencial, como em qualquer outra profissão, e a formação técnica é o que capacita um profissional universal. “O jornalista é a pessoa que pode decodificar o drama humano e transformá-lo em informação”. Para Fortes, o debate é muito importante: “Os jornalistas são desorganizados por natureza. É difícil congregar pessoas para discutir algo fundamental como a regulamentação do diploma e a formação de estudantes”.

Fortes conclamou jornalistas e professores a se unir. “Sempre acreditamos que alguém vai dar um jeito; entretanto, se a gente não se reunir, não se agregar, não discutir junto, a gente perde”, frisou, alertando: “Os grupos que estão contra nós são organizados e poderosos”. O palestrante não se limitou à polêmica do diploma. Fortes plantou a semente para a mesa-redonda que viria a seguir: “Qual é o sentido do jornalista multimídia: trabalhar para todas as mídias ou em todas elas? Eu trabalho numa revista, escrevo para o site, tiro fotos, quando é preciso. Isso é ser multimídia?”. Ele finalizou sua palestra dizendo que “o fundamental é a mensagem ser inteligível ao leitor”.

O II Encontro de Jornalistas DF-GO-TO teve ainda, pela manhã, uma mesa-redonda com especialistas, que discutiram pontos da formação do jornalista multimídia e a qualidade da informação on-line. Participaram os professores David Renault (mediador) e Zélia Leal, da UnB; os jornalistas Sylvio Costa, do site Congresso em Foco; André Deak, consultor multimidiático; Vicente Tardin, do site WebInsider; e Gustavo Krieger, do Correio Braziliense. À tarde, 15 alunos apresentaram pôsteres com seus trabalhos de graduação, e 45 professores, em três grupos de trabalho, expuseram relatos de pesquisas e experiências. (Renata Zago, Gabriel de Sá, Camila Santos Costa)

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