por Da Redação

Do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

O Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ) promoveu um Grupo Temático durante oo 32º Congresso Nacional dos Jornalistas, em Ouro Preto, sob a coordenação do presidente Gerson Martins. Participaram professores da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo. Após os informes de como está a organização do Fórum, depois de quase dez anos de existência, foram discutidos o ensino da ética, a prática do estágio, a reforma do ensino superior e a avaliação dos cursos.

O FNPJ, além da direção nacional, está também organizado em estados como Minas e São Paulo. Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro também avançam na discussão de organização. Em alguns estados já foram realizados encontros. Em outros, as primeiras reuniões estão acontecendo. A tendência, segundo Gerson Martins, é que a organização cresça, especialmente em função do aumento do número de cursos de jornalismo e comunicação social no País, que provoca, em conseqüência, o crescimento do número de professores.

O próximo Encontro Nacional, marcado para 2007, de 28 a 30 de abril, em Goiânia, deverá ser precedido de vários encontros regionais que ajudarão a avançar na discussão da organização do Fórum. Outra questão premente é o clareamento do perfil do FNPJ, especialmente depois da criação da Sociedade de Pesquisa em Jornalismo, que gerou “uma certa crise de identidade”. Martins afirma, ainda, que “lidar com ensino exige posicionamento político” e essa será uma discussão presente no Encontro Nacional.

Ética

Os professores presentes à reunião consideraram que o ensino da ética é um dos momentos mais importantes do curso de Jornalismo, pois é a oportunidade de formar consciência profissional. Eles defendem que, além da cadeira específica do ensino de ética, o conteúdo atinja a todas disciplinas.

Carmen Pereira, Diretora Regional Sudeste do Fórum, afirma que “ética é uma responsabilidade de todos” e defende que os professores devem ter uma posição mais ampla sobre o tema. Não se pode esperar, na opinião dela, que o aluno absorva o conceito e o comportamento ético a partir de uma única disciplina.

Estágio

“A posição do Fórum sobre o estágio não está fechada”, disse o professor Edson Spenthof, Diretor Científico da entidade. O assunto vem sendo discutido com a Fenaj e é grande a preocupação dos professores com a prática do estágio. Vários exemplos de alunos que utilizam o estágio como forma de financiar o curso e de escolas que fazem da oferta do estágio um produto de atração de alunos, foram levantados pelos professores presentes à reunião. A opinião geral é de que, da forma como é praticado hoje, o estágio não contribui para a formação do aluno, prejudica os profissionais atuais e futuros no mercado de trabalho e precariza a profissão. O tema, como definiu Spenthof, é espinhoso, mas precisa ser encarado. O acúmulo de discussões permite algumas diretrizes básicas como a necessidade de fiscalização, a limitação de carga horária e de vinculação a projetos pedagógicos, tirando dos estágios o caráter profissional.

Reforma do Ensino Superior

Foram considerados aspectos positivos e negativos da reforma do Ensino Superior. Como positivos foram apontados o sistema federativo do ensino, o Estado como gestor e a participação social através de conselhos comunitários. Os pontos negativos destacados foram a volta da lista tríplice para a escolha dos reitores e a instituição de um ciclo básico, com ênfase na formação humanística e no clareamento da opção do estudante. Juliano Carvalho, vice-presidente do Fórum, explica que não tem nada contra a formação humanística, mas questiona a forma como o tema é colocado. Os cursos que adotarem este conteúdo continuarão com o mesmo tempo de duração, tendo que “espremer” o conteúdo específico depois deste ciclo básico. Os cursos que não adotarem, poderão ter seu tempo de duração diminuído para até três anos. O risco, segundo o FNPJ, é de que o mínimo se transforme em máximo como regra geral. Também há crítica em relação à palavra “reforma”, que tem um peso muito grande. Juliano afirma que vários pontos fundamentais da reforma estão sendo ou já foram feitos por Medidas Provisórias, deixando a sensação de que o projeto de reforma é cheio de boas intenções, mas vazio de instrumentos efetivos para concretizá-las.

Avaliação dos cursos

O que está em discussão no momento é a implementação do Sinaes – Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior, que vai mudar a forma de avaliação dos cursos, sob quatro quesitos básicos: auto-avaliação, avaliação externa, Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) e avaliação in loco. Juliano Carvalho explica que o que mais interessa nesse sistema é a mudança de conceito. O objetivo deixa de ser o ranqueamento dos cursos e passa a ser a avaliação da curva de aprendizagem, a absorção do conhecimento. Juliano, Gerson e Sérgio Gadini, todos da direção do Fórum, acompanham de perto o processo e integram uma Comissão que vai elaborar as diretrizes e critérios para a realização das provas do Enade na área de comunicação social. Na avaliação geral, os professores estão enxergando mais pontos positivos que negativos nesta nova metodologia. O sistema de escolha dos avaliadores será mais democrático e impessoal, o que garante, a princípio, maior isenção e oportunidades. Entretanto, há críticas que estão sendo colocadas que poderão contribuir para o aperfeiçoamento dos processos. Juliano considera que nosso futuro é caminhar para o que algo semelhante ao que faz a Ordem dos Advogados do Brasil, com o Exame da Ordem. “Isso nos leva diretamente à discussão da criação do Conselho Federal de Jornalistas, que seria a instância própria para efetivar o exame”, concluiu.

*Matéria extraída do site do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais

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