por Da Redação

Da Folha Dirigida

Texto de Guilherme Mendes

Apesar do Ministério da Educação (MEC) ter finalizado a proposta de Reforma Universitária, a discussão em torno de um projeto final ainda está longe do fim. Reunidas no Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro na última segunda-feira, dia 15, para debater o tema, entidades ligadas à área de Jornalismo se mostraram preocupadas com os rumos da reforma. Segundo eles, questões como o ciclo básico, os cursos seqüenciais e a abertura de novas faculdades precisam ser mais bem esclarecidas no texto, que está sendo analisado pela Casa Civil e deve chegar ao Congresso Nacional nos próximos dias.

De acordo com Suzana Tatagiba, diretora de Educação da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), uma das propostas que a entidade vai encaminhar ao MEC num encontro nesta quinta-feira, dia 18, é a interrupção na abertura de cursos de Jornalismo, assim como aconteceu com os de Direito no ano passado. “Queremos a moratória na abertura de cursos de Jornalismo. Já entregamos até um documento falando sobre isso

ao MEC. Seria mais ou menos o que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez com os seus cursos”, lembra a diretora.

Outra preocupação de Suzana é com relação à proposta de ciclo básico presente no anteprojeto do MEC. Segundo ela, alguns pontos ainda estão nebulosos no texto final apresentado pelo ministério. “Nem o MEC sabe direito se quer um ciclo básico para todos os cursos ou se quer um ciclo básico apenas para o Jornalismo. Ainda estamos confusos. Dois anos de ciclo básico e apenas dois anos de formação específica? A proposta do MEC é pela formação humanística. Com isso, todos nós concordamos. Mas temos que ter atenção com a interdisciplinaridade”, lembra.

Dirigente critica idéia de “decreto-ponte” do MEC

Enquanto isso, Carmem Pereira (foto), vice-presidente do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo (FNPJ), critica a possibilidade da edição de um “decreto-ponte”, levantada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Para ela, a implementação de pontos da reforma através de decreto antes da votação no Congresso Nacional é prejudicial. “Com isso, o MEC perde o poder de barganha quando a discussão chegar ao Congresso. Afinal, como você vai negociar um texto com os parlamentares se outras coisas do mesmo projeto já foram implementadas?”, questiona.

Um dos organizadores do debate realizado no começo da semana, o diretor da Escola de Jornalismo da Estácio de Sá, José Luiz Laranjo, destacou a importância do engajamento dos professores em torno das discussões. “É essencial os professores estarem atentos às discussões da Reforma Universitária, porque eles serão diretamente atingidos pelas mudanças que o projeto implementar”, afirma.

Suzana e Carmem também lembram a situação dos cursos seqüenciais. Elas dizem que tanto o fórum quanto a Federação Nacional dos Jornalistas defendem a posição de que não se abra nenhum curso da área de Jornalismo neste modelo. “Conseguimos uma portaria que diz que não se abre curso sequencial em Jornalismo. Nossa preocupação é que esses cursos sejam utilizados para substituir a graduação, com a redução da duração do curso para três anos. Daqui a pouco jornalista está fazendo curso de mecânico, de seis meses. Nada contra os mecânicos, estou apenas dando um exemplo”, lembra Suzana.

Entidades continuarão a exercer pressão por mudanças

Ela ainda ressalta a importância da avaliação dos cursos. De acordo com a diretora da Fenaj, a entidade não descarta a idéia de criar uma prova para os formandos, nos moldes do Exame da Ordem da OAB. “Não é apenas questão de quantidade. Também há o lado das avaliações dos cursos”, afirma. “Além disso, uma das propostas do Conselho Federal de Jornalismo é que também haja um prova de acesso, similar ao exame da OAB. Essa

proposta não é nossa, mas já existe a idéia e acho interessante”, avalia.

Apesar do anteprojeto já ter sido fechado pelo MEC, Carmem garante que as entidades vão continuar lutando por mudanças quando a proposta chegar ao Congresso. “Por enquanto, estamos focando nossas discussões em aspectos mais específicos do Jornalismo. Mas no momento em que essa proposta começar a ser discutida no Congresso, também vamos fazer pressão para que em pontos mais gerais, que tratam dos professores e da titulação, nossas idéias sejam acatadas”, garante a dirigente.

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