O empenho das direções regionais não apenas manteve o trabalho da Abej em evidência ao longo do ano, como também teve impacto direto na elevada representatividade no Encontro Nacional       

22ª Encontro Nacional de Ensino de Jornalismo, realizado na Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, entre os dias 25 e 28 de abril de 2023, de forma híbrida (presencial e remota), se debruçou em questões que vão do ensino de jornalismo ao meio ambiente e à situação dos povos indígenas, das desigualdades de gênero à necessidade de regular as inovações tecnológicas e seus aspectos desumanizantes, da insegurança alimentar à luta pela dignidade no trabalho.

A realização inédita do evento no estado do Amazonas contou com 265 participantes locais. Grupos de Trabalho e de Pesquisa totalizaram 57 artigos científicos, com mais de 100 autores, alguns ganhadores do certificado de Menção Honrosa participantes do GP de Atividades de Extensão Relato de Experiência do Projeto Jornalismo Indígena: Oficinas de Jornalismo no Parque das Tribos – Mirna Feitosa Pereira, Israel Mundururu, Franklin Gonçalves, GP de Ética e teorias do Jornalismo – Jornalismo, Ética e Diversidade na Sociedade da Ação Direta do Capital – Dennis de Oliveira, GP de Produção Científica Demandas de pesquisa x interesses de pesquisa: discussão sobre as monografias desenvolvidas na FURB – Clarissa Josgrilberg Pereira e Magali Moser, GP de Produção Laboratorial – eletrônicos e impressos – Por elas e para elas: pautas femininas nas ondas do rádio – Valquíria Guimarães da Silva e Karine de Souza Santos, GP de Processos Pedagógicos e Metodologias de Ensino – Uma proposta para sistematização de bancas de avaliação considerando demandas de tempo, prioridade, síntese, compreensão e integração – Ivan Paganotti e o GT de Pesquisa na Graduação – O processo de investigação jornalística na Amazônia: um estudo sobre o núcleo de jornalismo investigativo da rede amazônica – Marcelo Fernando Pereira Moreira.  Orientadora: Cleiciane Maia Ferreira

Esse ano o Encontro da Abej abraçou o feixe de desafios e temáticas urgentes. Ao longo de quatro dias, palestras, seminários, oficinas, grupos de trabalho e de pesquisa reforçaram que a circulação social dos saberes da ciência e de defesa do meio ambiente exigem do jornalista um conjunto de saberes e competências.

O 13º Encontro Nacional de Coordenadores de Curso de Jornalismo contou com representantes das cinco regiões do país, coordenadores e coordenadoras que relataram os desafios da implantação da curricularização da extensão, do aligeiramento da formação por conta de demissões em massa, do fechamento de cursos e a, ainda mal resolvida, regulamentação dos estágios.

Para a presidenta da Abej, Marluce Zacariotte, o tema e a localização foram muito significativos, “Não teria melhor local para falarmos de meio ambiente. Ficamos muito felizes porque conseguimos reunir uma diversidade de falas, olhares e perspectivas, porém, com o mesmo objetivo: defesa do ensino de jornalismo, bem como do papel da profissão e do jornalista para a democracia. Tivemos palestrantes ilustres, oficinas, mesas de discussão e muitos trabalhos de todas as regiões do país. E se fosse citar um destaque, seria a oportunidade de aproximação da Abej com grupos de professores (as), profissionais e alunos (as) do Norte, fortalecendo nossa rede e materializando uma das missões da Abej, que é o respeito à regionalidade, promovendo debates inclusivos e a presença em todos os cantos do país”, afirma.

A demanda por um jornalismo comprometido com a sobrevivência planetária exige uma palavra-luta em que se encontram o ensino de jornalismo e as demandas das entidades de classe e associações de pesquisa: profissionalização.

O diretor regional e organizador do Enejor 2023, Allan Rodrigues, destacou a empreitada bem-sucedida de realizar, pela primeira vez, o evento no formato multicampi, no qual, além da UFAM, todas as instituições de ensino superior do Amazonas, que oferecem o curso de Jornalismo, participaram diretamente da programação. “Foi um Enejor diferente das outras edições por essa proposta da UFAM de agregar, efetivamente, todas as instituições de ensino de Jornalismo na programação. Agradeço as instituições parceiras, que abriram suas portas para nossos eventos. Seria muito mais fácil fazer os eventos na UFAM, nas nossas dependências, mas queríamos que essas discussões tivessem maior alcance e insistimos na tarefa de realizar o evento itinerante. Deu muito mais trabalho, mas deu muito certo também”, afirmou o docente e diretor da Faculdade de Informação e Comunicação, FIC, do campus de Manaus.

As reuniões e assembleia da Abej ocorrida no evento deixaram pautas a serem cumprimdas pela associação:Além do evento em si, os professores e professoras reunidos participaram de questões e decisões importantes a serem tomadas:

1.      A defesa da PEC do Diploma, que restitui a obrigatoriedade de formação superior em    jornalismo para o exercício profissional;

2.      Fomentar o rigor na fiscalização e avaliação de cursos, de modo a contemplar aspectos como a adoção das DCNs e uma efetiva curricularização da extensão;

3.      Protagonizar o debate sobre a revisão da classificação dos cursos de jornalismo no CINE Brasil, com vistas a sublinhar a autonomia do campo e sua conexão com o campo da Comunicação;

4.      Buscar retomar assento nas comissões e comitês referentes à avaliação de cursos.

5.      Promover discussões sobre a adoção de novas tecnologias no jornalismo, evidenciando seu alcance e potencial, sem perder de vista os riscos técnicos e éticos à profissão;

6.      Fortalecer a rede de professores de jornalismo por meio dos encontros regionais e do nacional, com foco nos coordenadores de curso como mobilizadores da associação à Abej;

7.      Aprofundar o papel protagonista da Abej na discussão das metodologias do ensino do jornalismo;

8.      Divulgar a Rebej de forma a aumentar o número de submissões, sem abrir mão da qualidade editorial da revista;

9.      Incentivar a formação em jornalismo científico e ambiental nas graduações em jornalismo, tendo em vista o contexto de emergência climática e seus impactos sobre

populações vulneráveis e povos originários;

O evento superou as expectativas. Palestrantes nacionais como Eugênio Bucci,(USP) e Eduardo Meditsch (UFSC), e internacionais, como Rogélio Fernández-Reyes  (Universidade de Sevilha) enriqueceram os debates com foco na qualidade do ensino de jornalismo, na ciência e no meio ambiente. A programação do 22º Enejor ganhou atrativos com a escola de jornalismo (cursos durante o evento), oficinas e atividades culturais especiais. A acolhida, pela UFAM, por meio da FIC e do grupo de pesquisa Trokano, foi especial. Que venha, agora, o 23º Encontro da Abej. Preparem para ir do Norte ao Centro-Oeste. O próximo Encontro Nacional de Ensino de Jornalismo acontecerá na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC), na cidade de Goiânia.

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