As professoras e professores dos cursos de Jornalismo associados e associadas à Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (ABEJ) e participantes do 23º  Encontro Nacional de Ensino de Jornalismo (ENEJor), realizado na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), em Goiânia, entre os dias 23 e 26 de abril de 2024, de forma híbrida (presencial e remota), publicam este documento orientador que sintetiza os debates e as atividades desenvolvidas neste evento. O encontro também contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Centro Universitário Alves Faria (UNIALFA), do Centro Universitário Sul-Americano (UNIFASAM), do Observatório de Mídia da PUC-GO, além dos jornais g1 Goiás, TV Anhanguera, O Popular e CBN Goiânia.

Durante os dias que se seguiram foram realizados debates em torno do tema central “Ensino de Jornalismo e Educação Midiática: Princípios e Práticas Contra a Desinformação”. Conforme debatido, o ensino de jornalismo tem papel fundamental na formação de profissionais que precisam atuar em uma conjuntura que exige profissionais aptos a atuar no combate à onda de desinformação mobilizada, principalmente, por setores avessos aos princípios democráticos, de igualdade e de justiça social. O jornalismo tem papel central na defesa do interesse público e as instituições de ensino são ambientes aptos para a formação qualificada, buscando, por meio de uma atividade extremamente relevante para a sociedade, oferecer informação capaz de fazer frente à desinformação propagada principalmente nas redes sociais e estabelecer condições para que os brasileiros possam desenvolver senso crítico ao consumir informações.

A formação, no entanto, tem sido impactada por condições de trabalho adversas. O movimento fascista que avança no Brasil apropria-se demagogicamente da bandeira da liberdade, à qual se opõe, por princípio, como se observa nas campanhas contra a universidade, as artes, a ciência, o jornalismo e os/as jornalistas. Além disso, como indicado no 19o Pré-Fórum da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), verifica-se, em muitos casos, condições de trabalho marcadas por dificuldades para a produção qualificada, como o enxugamento de redações, o “multitarefismo”, a aceleração dos processos de apuração, o “aluguel” da linha editorial a grupos políticos ou econômicos, entre outros problemas que retiram do jornalismo sua centralidade. Assim, as e os professores/as, em parceria com outros atores, ocupam um lugar crucial.

A formação de jornalistas deve ser pautada pelo senso crítico às ideias e ações que atentam contra a liberdade e contra o jornalismo. Nesse sentido, é preciso que se faça bom jornalismo já tão bem executado por profissionais de referência e que precisam ser citados em aulas como exemplos, como lembrou a professora Alice Mitika Koshiyama (ECA/USP). A atuação na imprensa por jornalistas formados é uma condição importante para avançar nesse aspecto. Entendemos que o diploma de jornalismo é um requisito imprescindível para o acesso ao mercado de trabalho e, mais do que isso, é um critério que contribuirá para a valorização do jornalismo e, consequentemente, para que a profissão seja relevante e indispensável para a vida das pessoas.

A ABEJ, como associação representativa dos professores de jornalismo, deve avançar na campanha conjunta com outras entidades pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que torna obrigatório o diploma de jornalismo para o exercício profissional. É imprescindível também o envolvimento das professoras e professores de jornalismo. A mobilização conjunta e organizada exige o fortalecimento das entidades da área do jornalismo. A associação à ABEJ e a participação nos encontros regionais e nacionais devem fazer parte das atividades de docentes do jornalismo.

A reflexão sobre estes e outros temas fundamentais precisa ser incorporada pelos professores e pelas professoras em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. O 19o Ciclo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Jornalismo, realizado durante o 23o ENEJor, e a Revista Brasileira de Ensino de Jornalismo (Rebej), periódico científico da ABEJ, trazem uma série de experiências e análises que podem ajudar nesse sentido.

O 14o Encontro Nacional de Coordenadores e Coordenadoras de Cursos de Jornalismo, realizado também durante o Enejor, debateu e aprovou uma série de ações que devem ser executadas pela ABEJ e pelos/as professores e professoras de jornalismo do Brasil. Pautados pelas ações aprovadas nos encontros regionais de coordenadores, o encontro nacional aprovou o seguinte plano de ação:

• Dar continuidade ao apoio à PEC do Diploma, com assinatura da petição pública, participação nas atividades e divulgação da campanha;

• Atuar junto às mantenedoras, reitorias, direções de Universidades, Faculdades e Centros Universitários no sentido de intervir politicamente em favor da PEC do Diploma;

• Elaborar pesquisa pela Abej para identificar o panorama da curricularização da extensão em jornalismo;
• Desenvolver rede de extensão em Jornalismo;

• Realizar de campanha de associação das coordenadoras e dos coordenadores para formação do fórum e fortalecimento dos encontros regionais;

• Intensificar o apoio ao projeto da Fenaj de criação de um fundo público de fomento ao jornalismo profissional;

• Defender iniciativas que estabeleçam regulação democrática e transparente da atuação das big techs e suas redes sociais e do uso de Inteligência Artificial, preservando a liberdade de expressão, combatendo a difusão dos discursos de ódio e de desinformação, além da remuneração dos conteúdos jornalísticos.

• Intensificar diálogo com MEC e Inep, com vistas a incluir a participação da Abej nos grupos ou comissões relacionados ao ensino de jornalismo.

Goiânia, 26 de abril de 2024.

Aprovada pelos participantes na Assembleia da ABEJ.

 

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