ABEJ comemora 21 anos em live com ex-diretores e entidades parceiras

Dois dias após completar 21 anos de existência, a Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (ABEJ), promoveu um “esquenta” sobre a história da entidade. Uma transmissão realizada ontem (24), pelo canal da associação, contou com a participação de ex-diretores e representantes de entidades parceiras. O evento é preparatório para o 24º Encontro Nacional de Ensino de Jornalismo, que ocorre entre 28 e 30 de abril, em Curitiba.

Quatro professores que participaram da fundação do então Fórum de Professores de Jornalismo (FNPJ) realizaram um bate-papo descontraído mediado pelo diretor de comunicação da associação Guilherme Carvalho. Foram eles Gerson Luiz Martins, Carmen Silva Pereira, Juliano Maurício de Carvalho e Valci Zuculoto. Eles lembraram dos principais episódios que marcaram a história da entidade.

Gerson Martins, primeiro presidente do FNPJ, lembrou que o primeiro movimento para a organização de professores de jornalismo ocorreu em 1994, a partir de um seminário realizado na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). O evento, organizado por José Marques de Melo e Alberto Dinis (foto) possibilitou que, nos anos posteriores, os professores da área passassem a se organizar em reuniões nos congressos da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), a partir de 1995.

Outro momento importante, segundo ele, foi um seminário sobre as diretrizes de jornalismo organizado em Campinas por Juliano Maurício de Carvalho, em 2001. “Até então, este grupo não tinha uma participação muito consistente. Este congresso organizado pelo Juliano foi um momento muito forte para o Fórum. Com uma perspectiva de entidade sistematizada, passou-se a pensar na formalização”, disse Gerson.

A fundação do FNPJ ocorreria em 22 de abril de 2004, na Plenária de encerramento do 7º Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, organizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), como lembrou Valci Zuculoto. Apesar disso, como lembrou Gerson, as atividades já estavam em andamento há pelo menos 10 anos.

Juliano Domingos, vice-presidente entre 2008 e 2010, citou Daniel Herz e Nilson Lage como nomes importantes nos anos iniciais. Foi o debate sobre a necessidade de defesa da especificidade do jornalismo que fomentou a realização do seminário de Campinas, segundo ele. “Termos nos organizado por uma entidade que é um reflexo dessa necessidade. O nome ‘Fórum’ vem de uma tradição de organizações críticas”, disse.

Reforçando também o papel de Marques de Melo, Carmen Pereira disse que ele foi uma personalidade muito importante na agregação dos professores. Estes debates iniciais, segundo ela, foram determinantes para a construção de uma proposta que culminaria com a elaboração e aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Jornalismo, em 2013. “O currículo mínimo era uma camisa de força, que obrigava os cursos a ter as mesmas disciplinas e ementas”. Ela lembrou do nome do então presidente do FNPJ na época Edson Spenthof e de Alfredo Vizeu, indicado pela entidade para compor a comissão do Ministério da Educação para elaborar a proposta.

Valci Zuculoto também destacou este momento como resultado de uma construção. Um documento anterior que serviu de base para as DCNs que tornaram o curso de jornalismo autônomo em relação à área da comunicação foi o Programa de Estímulo à Qualidade de Ensino em Jornalismo, em 2002, atualizado posteriormente. A elaboração deste documento foi capitaneada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e contou com o suporte do FNPJ na época.

Eles lembraram de várias pessoas que marcaram a história da entidade e também de uma série de outras iniciativas. Entre elas a criação da Revista Brasileira de Ensino de Jornalismo (Rebej), em 2007, o retrocesso com a desobrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício profissional, em 2009, a mudança do nome FNPJ para ABEJ, em 2016, e os encontro regionais.

Representantes de entidades saúdam a ABEJ

Nos momentos iniciais da transmissão, seis entidades se fizeram representar por meio de seus presidentes. Eles parabenizaram os diretores e ex-diretores pelos 20 anos da ABEJ e demarcaram as relações de proximidade com a associação.

 

O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) Juliano Domingues lembrou que as primeiras reuniões de professores de jornalismo, a partir da segunda metade dos anos 1990, ocorreram nos congressos da Intercom.

 

 

 

Mozahir Bruck, presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós), disse que a ABEJ construiu uma “noção de que o jornalismo precisa ser bem compreendido, pesquisado e orientado, para que se construa uma noção de cidadania”.

 

 

 

Valci Zuculoto, que também falou como presidenta da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar), disse que a história das entidades está imbricada. “Em 2004, foi realizado o 7º Fórum, nos dias 18 a 20 de abril, sediado pela UFSC, e junto foi realizado o 2º Encontro Nacional da Alcar. O tema era “ História do Ensino de Jornalismo”.

 

 

A presidenta da Fenaj Samira de Castro disse que o papel da ABEJ é fundamental na defesa do ensino de jornalismo crítico e comprometido com a ética, “principalmente num país como o nosso em que se ameaça a liberdade de imprensa e onde há muita desinformação”. Ela também lembrou das campanhas conjuntas em defesa do diploma de jornalismo.

 

 

 

 

Anderson Santos, presidente da Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom) disse que os 20 anos da ABEJ marcam um momento histórico de grande interferência do que acontece nas mídias sociais a partir das plataformas digitais e na precarização do trabalho jornalístico.

 

 

 

Felipe Pontes, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), reforçou a proximidade histórica entre ambas as entidades. “A história da pesquisa em jornalismo está entremeada com a história do ensino de jornalismo. A luta dos professores pela conformação do campo se concretiza nos eventos e publicações da ABEJ”.

 

 

Por fim, a presidenta da ABEJ Marluce Zacariotti destacou o papel de diretores e ex-diretores na construção da associação e das campanhas levadas a frente nestes 20 anos. Ela destacou a luta pela PEC do diploma e a regulação das plataformas digitais como ações primordiais nos próximos anos. “Um evento como este é importante para mostrar que estamos integrados. As saídas para nossos desafios são coletivas”, destacou.

 

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