por Da Redação

Em nota publicada no último dia 3 de setembro, a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ repudia a demissão em massa dos jornalistas do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil, além das ocorridas em agosto passado nos jornais Folha de S. Paulo, Diários Associados da Paraíba e na Folha de Londrina. Segundo a nota da FENAJ, a ação representa uma séria ameaça à liberdade de imprensa. Ao pasteurizar o noticiário, impede o direito da sociedade de ter acesso à informação plural e consagra o preceito da supremacia dos interesses privados sobre a natureza pública da informação.

Leia a nota na íntegra:

A Federação Nacional dos Jornalistas, FENAJ, denuncia a demissão em massa promovida pela direção do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil, que atingiu 64 profissionais. Essa ação, comandada pelo empresário Nelson Tanure, culmina uma série de atitudes que ferem as regras de relação de trabalho e afronta normas elementares de jornalismo.

Nos últimos dois meses, várias empresas apelaram à surrada fórmula de demitir seus empregados para enfrentar suas sistemáticas crises, normalmente fruto de gestões aventureiras e irresponsáveis. Foi o que ocorreu na Folha de São Paulo, com 65 demissões em julho, no Diários Associados, da Paraíba, com 40 jornalistas despedidos no dia da abertura do 31º Congresso Nacional da categoria, e no Jornal de Londrina, com 14 profissionais despedidos e depois reintegrados por decisão da Justiça. Além das demissões, Tanure inova e extingue a editoria de economia do tradicional JB e ameaça fazer o mesmo com a de esporte.

Apesar da suposta crise que justificou demissões e precarizações (mais de 70% dos jornalistas do JB são contratados fora da CLT, como pessoas jurídicas), Tanure planeja comprar os títulos mais tradicionais dos Diários Associados, como o Estado de Minas, o Correio Braziliense, o Diário de Pernambuco e o Jornal do Commercio do Rio De Janeiro. A estratégia chamada de “sinergia” é montar uma mesma redação para fornecer conteúdo editorial a diversos veículos, coagindo profissionais a aceitarem contratos draconianos.

Essa atitude fere os mais elementares direitos e conquistas trabalhistas e representa uma séria ameaça à liberdade de imprensa. Ao pasteurizar o noticiário, impede o direito da sociedade de ter acesso à informação plural e consagra o preceito da supremacia dos interesses privados sobre a natureza pública da informação.

Empenhada numa campanha nacional contra a precarização das relações de trabalho e reafirmando sua defesa histórica da democratização da comunicação, a FENAJ alerta para essa tentativa de configuração de um novo oligopólio, sustentado na exploração e na restrição do direito à comunicação.

Brasília, 1 de setembro de 2004

Diretoria da FENAJ

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