por Gerson Luiz Martins/DCM-UFV

A coordenação do Colóquio de Ensino Superior em Jornalismo e do 5º Encontro Mineiro de Professores de Jornalismo divulgou o documento Carta de Viçosa que reúne e sintetiza as principais questões apresentadas e discutidas pelos participantes dos eventos, que contempla também os debates do Encontro de Coordenadores de Curso de Jornalismo de Minas Gerais.

O Colóquio, evento que congregou o Encontro Mineiro de Professores de Jonalismo e o Encontro de Coordenadores de Curso, aconteceu entre os dias 15 e 17 de agosto na Universidade Federal de Viçosa. O Colóquio foi coordenado pelo professor do Departamento de Comunicação da UFV, Dr. Joaquim Lannes e teve como tema “Formação Superior em Jornalismo nos 50 anos das Ciências da Comunicação no Brasil”. O evento discutiu os rumos e desafios que se configuram para os cursos de Jornalismo, principalmente a partir das Novas Diretrizes Curriculares aprovadas neste ano pelo Conselho Nacional de Educação.

Confira a íntegra da Carta de Viçosa.

Carta de Viçosa

O Encontro Mineiro de Professores de Jornalismo e a Reunião de Coordenadores de Cursos de Jornalismo, eventos integrantes do Colóquio de Ensino Superior em Jornalismo, realizado na Universidade Federal de Viçosa (UFV) de 15 a 17 de agosto de 2013, pelo Curso de Jornalismo daquela instituição, abordou temáticas que têm interferido diretamente na formação para esse campo.

Ao debaterem sobre a formação em Jornalismo no âmbito dos 50 anos das Ciências da Comunicação, tema do evento, os professores trocaram ideias e debateram sobre diversos aspectos da formação, sendo que o assunto que perpassou todos os momentos foram, indubitavelmente, as Novas Diretrizes Curriculares para os cursos de Jornalismo brasileiros, elaboradas em 2009 por comissão presidida pelo professor Dr. José Marques de Melo, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e atualmente em tramitação no Ministério da Educação (MEC).

Nos debates, ao se defender a formação acadêmica em nível superior, surgiram questões que há tempo se apresentam no campo do ensino superior em Jornalismo, como a necessidade de ruptura da dicotomia entre teoria e prática, as possibilidades inter e transdisciplinares para melhor apreensão conceitual aliada ao exercício comprometido e crítico da prática jornalística, e a busca por metodologias e estratégias formativas que contemplem o perfil contemporâneo dos estudantes, os avanços tecnológicos e as demandas sociais mais relevantes, sempre amparadas em uma formação humanística sólida.

As experiências e preocupações expostas pelos coordenadores no tocante à construção dos projetos pedagógicos dos cursos, vários em fase de reelaboração e sua relação com as novas diretrizes do MEC, levaram em consideração as especificidades das matrizes curriculares e das regiões onde os cursos estão inseridos. Vislumbrou-se, ainda, a necessidade de fortalecimento da profissão de jornalista como um campo de pesquisa, ensino e extensão, considerada tal articulação entre Comunicação e Jornalismo e suas teorias imprescindível e não estão dissociados. Pesquisa, aliás, que precisa ser incentivada, seja nas instituições públicas, seja nas particulares, como apontado pelos participantes dos Grupos de Pesquisa (GP) Pesquisa na Graduação e Projetos Pedagógicos e Metodologias de Ensino. E extensão que merece, em sua visão, ser valorizada e praticada.

Ainda no que tange às diretrizes, aumento da carga horária e de número de vagas, além da obrigatoriedade do estágio, são, na visão dos participantes, os pontos que mais podem influenciar nas estruturas dos cursos, o que demandará, após a homologação, novas discussões sobre as adaptações necessárias de projetos pedagógicos. Por serem mudanças que impactarão todos os cursos, o Encontro Mineiro expôs uma situação preocupante: o reduzido número de cursos representados no evento, diante do que os participantes fazem um chamado para que se intensifique a participação nos próximos encontros, a serem programados, tendo em vista que os temas abordados são sempre do interesse direto daqueles que oferecem e administram cursos de Jornalismo.

Outro ponto relevante e muito discutido, tanto por coordenadores, representando os cursos da UFV, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), das Faculdades Integradas do Norte de Minas (FUNORTE) e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), quanto pelos participantes das mesas e docentes e discentes que participaram do evento, foi a ética como um compromisso do Jornalismo e do jornalista em todos os meios e campos de atuação profissional.

Para os coordenadores, o conteúdo da disciplina de ética deve ser também transversal, constando em diversas ementas de componentes oferecidos pelos cursos, além de serem essenciais o conhecimento e a atualização de professores, alunos e profissionais quanto ao Código de Ética da área. O plágio, o direito ao uso de imagem e as novas tecnologias, por exemplo, fazem parte das preocupações apresentadas, sendo importante uma discussão mais ampla e fundamentada em todas as instâncias, discussão esta que repercutiu no GP Ensino de Ética e de Teorias do Jornalismo.

Como indicativo para o encontro 15º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo (ENPJ), a ser realizado em 2014, os professores participantes do encontro mineiro apresentaram a necessidade de pesquisar e aprofundar os conhecimentos sobre a realidade dos cursos no estado de Minas Gerais e no país.

Por fim, colocou-se uma questão que se configura como um dos principais desafios atuais: como lidar com as diferenças resultantes da heterogeneidade do Ensino Médio frente à universalização do acesso ao Ensino Superior.

Viçosa, 17 de agosto de 2013.

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