por Da Redação

O presidente do FNPJ, Gerson Luiz Martins, participou do V Congresso dos Jornalistas do Pará, entre os dias 25 e 27 de maio, onde fez palestra com o tema Formação Profissional e Qualidade do Ensino. O V Congresso dos Jornalistas do Pará debateu a importância do papel dos jornalistas, como agentes formadores de opinião e de consciência, além disso o Congresso deliberou também que será proposto à FENAJ, aos veículos de comunicação e às instituições de ensino superior, para que incentivem a qualificação dos profissionais da imprensa na área de Direitos Humanos, visando despertar e/ou estimular seu interesse sobre o tema.

Confira, abaixo, a íntegra da palestra do presidente do FNPJ.

Dentro da perspectiva dos cursos de jornalismo, é evidente que os formadores devem ser graduados em jornalismo. Em outras áreas, como a medicina, direito, engenharia, não há a possibilidade de algum professor da área especifica ser um profissional de outra área. Existe ainda a necessidade da pós-graduação, no caso o mestrado e doutorado. E recomenda a vários colegas que estão na perspectiva de fazer um curso de mestrado ou doutorado, que é fundamental que esses professores tenham a visão de fazer cursos minimamente na área de comunicação. Uma outra questão importante salientada pelo professor é a experiência profissional. Lembrou que o curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, quando abre concurso para professor, entre os pré-requisitos para a inscrição do candidato está, a experiência de dois ou três anos na área profissional. Outra questão importantíssima na qualificação dos formadores é a pesquisa e extensão além do ensino. Temos obrigatoriamente que desenvolver o campo do jornalismo, por meio da pesquisa, e temos que trabalhar a prática. Mas temos alguns problemas, como os novos parâmetros de avaliação dos cursos. E todos nós sabemos que cada vez que chega a Comissão do Ministério da Educação (MEC) em uma universidade pública ou privada é um terror. O MEC cobra nas avaliações, mas não dá condições de estruturas para os cursos melhorarem. Esses novos parâmetros de avaliação, chamados SINAES (Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior), “é um sistema de avaliação esquizofrênico”, por isso o Fórum de Professores vai propor um sistema autônomo de avaliação mais equilibrado. Um dos problemas que possui os SINAES é o nivelamento entre a qualificação dos professores. Nos últimos três anos nós tivemos uma demissão em massa de professores qualificados nas universidades privadas. Mas, por conta desse novo sistema de avaliação, em que a pontuação de um professor que tem mestrado ou doutorado, é praticamente a mesma, mas em termos de custo para as universidades é praticamente o dobro, assim boa parte das universidades privadas demitiram os doutores. Isso aconteceu na PUC de Campinas, ou até mesmo na própria PUC de São Paulo. Portanto, muitas pessoas que fizeram curso de doutorado com todo o sacrifício tiveram que ser demitidos. Gerson Martins citou outro problema: cursos de comunicação que deturpam a formação em jornalismo. A resolução 02/84 que definiu a estrutura curricular dos cursos de comunicação, definiu uma estrutura curricular mínima, que como todos sabem virou a estrutura máxima. Inclusive, hoje muitos cursos estão nessa linha. É inadmissível a implantação do Ciclo Básico. Não há como separar teoria da prátia, o conhecimentos das ciências humanas, da técnica jornalística. Agora o que não se pode fazer, é fortalecer essa divisão, oficializar essa divisão. Por que no momento em que eu estou apurando uma pauta, eu tenho que saber de sociologia, e não posso ter esse conhecimento que já é compartimentado, mais separado ainda. Logo, essa questão do curso de comunicação social acaba de certa forma roubando um pouco de tempo da formação do jornalista. Nós entendemos que quatro anos é um tempo satisfatório para a formação adequada do jornalismo. A nossa proposta é que tenhamos curso de jornalismo. Acabar com aquela história de “bacharel em comunicação social, habilitação em jornalismo”, e sim “bacharel em jornalismo”. A estrutura universitária no Brasil define a profissão. Teremos cursos da área profissional, desenvolvendo a pesquisa em termos de pós-graduação, e aí, dentro das especialidades, como jornalismo político, jornalismo ambiental, jornalismo econômico. A formação técnica é importante no curso, como redação, edição, impresso, radio, TV e on-line. Mas temos uma questão que considera a mais importante para a formação em jornalismo: a Ética como disciplina. Por todos os estudos que participou, a disciplina mais importante que considera no curso é Ética. Aí citou um dado, a baixa participação dos profissionais de jornalismo no Congresso, ocasionado pela falta de tempo dos jornalistas. Isso demonstra claramente que a formação da ética jornalística no período do curso não foi devidamente trabalhada, ou o profissional não trabalhou adequadamente. Tenho uma preocupação muita seria com os novos profissionais ou com os egressos ao curso de jornalismo. Para onde estão indo esses profissionais? Estão trabalhando na área? Uma coisa triste para mim foi encontrar um aluno como balconista de uma loja da Mc Donald’s. Não estou desqualificando o balconista da Mc Donald’s, mas acho que quem escolheu esse curso quer ser feliz, realizar seus sonhos. A valorização profissional vai se dar por meio de entidades que congreguem os profissionais, no caso, os sindicatos. Se não houver essa consciência profissional na formação, a nossa categoria (classe) vai continuar na mesma situação, ganhando salários baixíssimos. Nesse momento os futuros jornalistas devem encontrar espaço para a compreensão do ser jornalista e suas implicações.

Mais informações na internet, no endereço: www.jornalistasdopara.com.br.

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