por Da Redação

A conferência de abertura do 10º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo com o tema “Os 60 anos de ensino de jornalismo no Brasil e suas implicações sociais, profissionais e institucionais” será realizada pelo presidente da Intercom e professor da USP e Umesp, Dr. José Marques de Melo. O evento acontece em Goiânia, na Universidade Federal de Goiás, entre os dias 27 e 30 de abril próximo.O professor Dr. José Marques de Melo é um dos principais cientistas da área de comunicação e do jornalismo.José Marques de Melo deu o pontapé inicial na carreira, em 1959, como um “jornalista do interior” – como ele mesmo define -, no Estado de Alagoas. Lá, enfrentou desafios, ao relatar, com objetividade e isenção ética, fatos que desagradavam os poderosos da sua comunidade. Para continuar exercendo a profissão com integridade, ele percebeu que o aprendizado prático na Redação não era suficiente, optando pelo ingresso imediato na universidade. Melo percebeu que lhe faltavam os fundamentos teóricos do Jornalismo. Em 1964, recebeu o diploma em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, onde descobriu sua vocação acadêmica.Em 65, fez pós-graduação em Ciências da Informação Coletiva, como bolsista da Unesco, em Quito (Equador). Depois, ingressou no doutorado da USP, onde após cinco anos de estudos, tornou-se o primeiro Doutor em Jornalismo do Brasil. Mediante a defesa da tese “Fatores sócio-culturais que retardaram a implantação da imprensa no Brasil”, recebeu o diploma em 1973. Desde esse tempo, vem combinando teoria – na vida acadêmica – com a prática profissional. Um exemplo disso, é sua coluna publicada mensalmente pela revista Imprensa para mais de 35 mil leitores.José Marques de Melo está sempre empenhado nas pesquisas dos fenômenos comunicacionais, particularmente os jornalísticos, ancorado no empirismo, ou seja, na observação dos fatos e na identificação de seus sujeitos sociais, construindo a memória do campo para dar-lhe mais legitimidade acadêmica. Foi o responsável pela instalação da Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, no Brasil.Convidado pelo Escritório Regional de Comunicação da Unesco para a América Latina, em Quito, Melo participou, em 1994, de uma reunião de especialistas em Comunicação para o desenvolvimento. Na ocasião, foi sondado pelo conselheiro regional de comunicação para a América Latina, Dr. Alejandro Alfonso, sobre a possibilidade de tornar o Instituto Metodista de Ensino Superior (IMS) – ainda não era uma universidade – numa das quatro cátedras de comunicação iniciais para a América Latina. Já haviam sido criadas duas, na Colômbia e no Uruguai, e a Unesco pretendia implantar mais duas, uma no Brasil e outra no México.Os maiores argumentos para o convite foram: a experiência acadêmica de José Marques como Catedrático Unesco, em 91/92, na primeira cátedra implantada em Barcelona, na Espanha; a boa performance universitária do IMS no campo da Comunicação Social, mantendo cursos de graduação e pós-graduação entre os mais reputados da América Latina.Em 95, o conselheiro da Unesco constatou numa visita feita à futura Umesp a existência de condições para o desenvolvimento do projeto, que ganhou força após a realização do Seminário Internacional sobre Comunicação e Identidades Culturais na América Latina, onde apareceram pessoas renomadas. O Seminário celebrava os 50 anos de criação da Unesco e os 25 anos de fundação do IMS.Finalmente a instalação solene da cátedra ocorreu em 21 de maio de 96. Os objetivos da cátedra eram: construir um núcleo permanente de reflexão e ação sobre políticas de comunicação, potencializando o uso das modernas tecnologias de difusão em processos de desenvolvimento, contribuindo para a preservação das identidades culturais das regiões brasileiras; dar atenção prioritária ao conhecimento produzido pela escola latino-americana de Ciência da Comunicação e disseminá-lo nas universidades brasileiras; formar recursos humanos e realizar pesquisas para atender às carências pedagógicas da rede nacional de faculdades de comunicação, sensibilizando ao mesmo tempo os profissionais da indústria da mídia para o fortalecimento da cidadania.Paralelamente, a cátedra realiza cursos anuais de aperfeiçoamento para docentes, pesquisadores e profissionais, capacitando-os para a implementação de políticas democráticas de comunicação. Estimula a presença de professores-visitantes, oriundos de outros países/regiões, incrementando o intercâmbio cultural. Promove estudos destinados a diagnosticar o estágio atual de desenvolvimento da indústria da comunicação e detecta o grau de sintonia partilhado em relação às demandas coletivas. Publica através das diferentes modalidades de canais disponíveis, os resultados das pesquisas desenvolvidas ou das reflexões propostas pelos docentes/profissionais participantes das atividades da cátedra.Muitas pesquisas, desde então, passaram a ser coordenadas por José Marques de Melo. Exemplo disso foram os projetos Escola Latino-americana de Comunicação (resgatar histórias de vida de personalidades e instituições voltadas para comunicação) , Imprensa Regional (diagnosticar tendências editoriais dos jornais representativos de várias regiões) e O impacto da globalização na cultura brasileira (analisar a interação entre as culturas regionais e a cultura global).José Marques de Melo sempre demonstrou um grande interesse pelo ensino das universidades, até porque é professor. Este interesse pode ser observado no livro Transformações do Jornalismo Brasileiro – Ética e Técnica, que avalia o ensino nas instituições brasileiras e como o profissional, até mesmo em fase de estágio, é tratado pelo meio. Através da coluna Campus, que escreve mensalmente na revista Imprensa, Melo atrai a atenção dos estudantes universitários para os fatos que acontecem dentro das instituições. Na edição de Março/2000, por exemplo, fala sobre as revistas acadêmicas, que “garantem o fluxo das informações entre os pesquisadores que geram novos conhecimentos e as lideranças acadêmicas que as disseminam na sala de aula. Ou as difundem em artigos na mídia ou através de palestras destinadas ao público em geral”. Ele cita como o principal veículo de difusão do conhecimento e das reflexões na área de comunicação, a Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, editada pela Sociedade Brasileira de Ciências da Comunicação (Intercom), com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia.

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Fonte:

LOPES, Boanerges e GOMES, LucianaPCLA – Volume 1 – número 3: abril / maio / junho 2000.

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