por Assessoria de Imprensa – 8° Fórum

Por Ernane Rabelo

O 1o encontro regional do Fórum Mineiro de Professores de Jornalismo, realizado no dia 2 de abril, no auditório da Fundação Cultural Cecília Palmério, em Uberaba, debateu o mercado de trabalho para professores de jornalismo e para os profissionais de imprensa, as condições de ensino, a questão do estágio e o fomento às atividades de pesquisa e extensão em jornalismo.

A revista Reportagensaio e os livros Cotidianos Culturais e Outras Histórias, de André Azevedo da Fonseca, professor da Uniube, e Para Entender as Teorias da Comunicação, de Ana Carolina Rocha Pessoa Temer e Vanda Cunha Albieri Nery, professoras da Universidade Federal de Uberlândia, foram lançados no encontro, que reuniu professores, alunos e profissionais de imprensa da região.

Alzira Borges da Silva, diretora regional do Fórum Mineiro de Professores de Jornalismo e coordenadora do curso de jornalismo da Universidade de Uberaba, destacou que o encontro teve o objetivo de aproximar escolas, professores, profissionais de imprensa e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.

Raul Osório Vargas, professor da pós-graduação na Uniube, lançou a revista Reportagensaio no encontro e ressaltou que o Fórum abre espaço para refletir sobre o ensino de jornalismo no Brasil e América Latina. “É importante voltar a reflexão sobre nossa origem e história. Como nasceu nossa profissão? Como ela tem evoluído? Como professores devemos ampliar o leque da pesquisa não só para mestres e doutores, precisamos ter consciência profunda e visões do mundo do aluno de jornalismo. Percorrendo esses caminhos, teremos perspectivas desta trajetória e condições de traçar o futuro”, afirmou Vargas, citando o educador e estudioso de comunicação Jesus Martin Barbero: Os jovens estão gritando e nós, os velhos, não estamos ouvindo.

Jornalista é visto como máquina de fazer notícia e não como ser humano integral, define o professor e jornalista Francisco Marcos Reis. Segundo ele, as escolas tendem a ser cada vez mais técnicas. A questão básica é o investimento na mudança das consciências, estabelecer uma relação crítica na sociedade. “De que forma se pode mover esse pêndulo para induzir as pessoas a trabalhar de forma diferente?”, indaga. Para Reis, é preciso uma releitura crítica da atuação do jornalista e seu distanciamento das necessidades sociais. “É importante diferenciar a distância entre diploma, competência e atuação na sociedade”.

O debate esquentou em torno do tema condições de ensino, com críticas aos programas de auto-avaliação institucional em implantação nas universidades. “Nos últimos 14 anos ocorreram modificações meio ambíguas no ensino de jornalismo quando analisamos perdas e ganhos. Houve mudança do perfil do alunado e a desvalorização do jornalista”, disse Carlos Alberto de Carvalho, diretor administrativo do Fórum e professor do Uni-BH. Carvalho vê com preocupação o fim do ‘Provão’, citando que as escolas abandonaram ou reduziram os gastos com a qualificação dos professores e laboratórios. “Os investimentos não são mais feitos no mesmo ritmo e não foram estabelecidos outros métodos de avaliação para substituir o Provão”, ressaltou.

Qualificação do jornalista

Anízio Bragança Júnior, representante da subdelegacia do SJPMG de Uberaba, onde a categoria dos jornalistas ficou cinco anos sem reajuste salarial, lembrou que “a mensalidade do curso era mais cara que o piso salarial”. Com os acordos salariais assinados com o Sindijori, os jornalistas obtiveram 34% de reajuste salarial nos últimos dois anos. O atual piso salarial da categoria é R$ 714,00.

Bragança disse que o próximo passo do Sindicato na região é investir na qualificação profissional, solicitando o apoio do Fórum e das escolas de jornalismo nesse sentido. “É preciso facilitar a circulação de informações”. Marcos Erlan dos Santos, representante da subdelegacia regional do SJPMG em Uberlândia endossou a participação do Fórum na oferta de programas de qualificação para os profissionais de imprensa da região.

“Precisamos dessa qualificação científico-acadêmica”, frisou o coordenador do curso de jornalismo da Unitri, Eithel Lobiano Júnior, ressaltando que Uberlândia tem oito instituições de ensino superior, das quais três oferecem o curso de comunicação social. Segundo ele, a Unitri criou um núcleo de estudos de memória do jornalismo e adquiriu os arquivos do jornal O Triângulo.

O Fórum Mineiro

O FMPJ realizou sua assembléia de fundação em novembro de 2004, mas o movimento em torno de sua criação começou há quatro anos, a partir de um encontro centrado na necessidade de discutir questões relacionadas ao ensino de jornalismo, que reuniu professores do Uni-BH, UFMG e PUC Minas. O surgimento de novas escolas de jornalismo nos últimos anos –Fumec, Newton Paiva, Estácio de Sá, Universo- ampliou a oferta de vagas e alterou a realidade complexa do ensino de jornalismo. O Fórum seria consolidado em 2003, durante o Intercom realizado no campus da PUC Minas. Em junho de 2004, foi realizado o pré-fórum, em Mariana.

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