por Da Redação

O Recife sediou, em dezembro, o Encontro Nordestino de Professores de Jornalismo. Na ocasião, profissionais e estudantes puderam trocar experiências, promover debates e articular ações. O evento teve o objetivo de contribuir com as discussões acerca do ensino e do exercício profissional, além de fortalecer a luta em defesa da formação superior em jornalismo. A jornada buscou uma maior aproximação entre instituições, profissionais e estudantes, permitindo o aprofundamento dos debates e o planejamento de possíveis atividades conjuntas.

O evento foi uma parceria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco (SinjoPE) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) com o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), contando com o apoio da Universidade Católica de Pernambuco, da Aliança Francesa do Recife, do Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas.

A abertura do encontro, no dia 11 de dezembro, aconteceu na Torre Malakoff, Recife Antigo, durante a cerimônia de entrega do 15º Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo. Já no dia 12, as atividades tiveram lugar na Aliança Francesa, com uma conferência e uma mesa-redonda, pela manhã, e uma plenária à tarde.

O encontro representou, ainda, mais uma oportunidade de divulgação do livro “Formação superior em jornalismo: uma experiência que interessa à sociedade”, organizado pela Fenaj. Ao final, dois documentos sistematizaram os debates promovidos na jornada.

A programação

As atividades do Encontro Regional de Professores de Jornalismo tiveram início, efetivamente, na sexta-feira, dia 12 de dezembro, com a conferência de abertura do Prof. Dr. Alfredo Vizeu, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), intitulada “Fazer Jornalismo: formação, prática e perspectivas”. Ainda durante a manhã, aconteceu mesa-redonda sobre o “Ser Jornalista”, com representantes de professores, pesquisadores, sindicalistas, jornalistas de redação e de assessoria, estudantes, todos reunidos em torno da discussão sobre a identidade do profissional e o seu compromisso com o papel social do jornalismo. O período da tarde foi dedicado a relatos de experiência e uma discussão acerca do ensino do jornalismo, sob a ótica de estudantes e de professores. Estiveram em pauta questões como a revisão curricular e a obrigatoriedade do diploma.

Identidade do jornalista e sua prática

O professor e coordenador do Núcleo Jornalismo e Contemporaneidade da UFPE, Alfredo Vizeu, foi o conferencista do dia, com o tema “Fazer Jornalismo: formação, prática e perspectivas”. Segundo Vizeu, o jornalismo é função essencial para a sociedade democrática. Ele mostrou que em todo Brasil existem 1.029 cursos de comunicação, 356 deles com habilitação em Jornalismo. “A atividade dos professores é cada vez mais qualificada”, enfatizou Vizeu.

Após a conferência, integraram a mesa-redonda “O que é ser Jornalista” (foto) a coordenadora de Graduação e professora de Jornalismo da Unicap, Aline Grego, o aluno de Jornalismo da Unicap e estagiário da TV Globo, Rafael Marroquim, a coordenadora do curso de Jornalismo do Centro de Estudos Superiores de Maceió, Ana Cristina Brito e a presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), Valdice Gomes, representando também a executiva da Fenaj, que abordou, na abertura do debate, a questão da exigência da formação superior para a prática do jornalismo. “A Fenaj está atenta e mobilizada junto ao STF e à sociedade, que é a quem mais interessa este assunto. Está em julgamento a qualidade do trabalho jornalístico, que precisa ser desenvolvido por profissionais habilitados para tal”.

A professora Ana Cristina Brito ressaltou a questão do currículo dos cursos de jornalismo. “Por mais que seja atualizado, sempre há o que melhorar”, disse a coordenadora do Cesmac-AL, referindo-se, por exemplo, à questão das novas tecnologias. Na opinião da professora, não há como formar jornalistas sem trabalhar pesquisa, extensão, identidade e prática. Rafael Marroquim, representando a classe estudantil, também defendeu a profissionalização. “O mais importante é que o jornalismo vai tratar a sociedade com um olhar profissional específico”, declarou. Para a professora Aline Grego, que encerrou as intervenções, o jornalista é aquele que estranha. “Ele não pode achar normal uma pessoa dormindo na calçada, esperando atendimento médico. Temos que estranhar”, defendeu Aline. O jornalista, na sua visão, tem que se reconhecer como mediador da sociedade. “Ele não tem que estar apenas bem informado, tem que estar bem formado.”

Propostas para qualificação dos cursos

Durante a tarde, o debate esteve focado na organização de propostas e estratégias para valorização do ensino superior em jornalismo. “Estamos vivendo um momento decisivo, nesta discussão sobre o diploma, e devemos aproveitar para refletir”, disse Ricardo Mello, professor da Católica, vice-presidente do SinjoPE e coordenador geral do encontro. Relatos de experiências foram a base das discussões, envolvendo jornalistas, professores, estudantes de várias universidades, representantes de sindicatos de jornalistas e do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo. A professora Adriana Santana, da UFPE, apresentou a vivência no grupo de estudos Jornalismo e Contemporaneidade, coordenado pelo professor Alfredo Vizeu. “O jornalismo ainda é pouco prestigiado academicamente”, disse, levantando a discussão sobre o pouco incentivo das instituições às pesquisas na área da comunicação.

Em seguida, a professora Sílvia Falcão, do CESMAC, avaliou elementos que observa em sala de aula, na capital alagoana. “Quando se entra na universidade, os estudantes não têm muita noção da Academia; é preciso atrelar mais a teoria ao profissional. Não enxergar a escola distante da prática”, afirmou. A professora Lúcia Noya levantou a questão da “falta de identidade” dos estudantes de comunicação e esquentou o debate, instigando a participação de alunos presentes.

Entre os pontos mais inquietantes trazidos ao debate, estavam: a desvalorização do curso nas instituições; a falta de equipamentos; o baixo incentivo às pesquisas; a importância da atualização do professor; o cenário no mercado de trabalho; o momento apropriado para início dos estágios e, naturalmente, a defesa do diploma. As reflexões e sugestões sistematizadas foram encaminhadas ao Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), como contribuição, no momento em que a entidade prepara-se para o seu próximo Encontro Nacional, em abril de 2009. Junto com esse documento final, a “Carta do Recife”, seguiu para o FNPJ e a Fenaj um “panfleto virtual”, na forma de manifesto, reforçando a campanha em defesa da formação superior em jornalismo.

No encerramento do encontro, em coquetel no bistrô “La Comédie”, situado na própria Aliança Francesa, ocorreu mais um lançamento do livro “Formação Superior em Jornalismo: uma exigência que interessa à sociedade”, organizado pela Fenaj.

Matéria produzida a partir de reportagem realizada pela Assessoria de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco (Assecom), com a participação dos estudantes de jornalismo Jaime Mitchell e Cecília Pinho, sob a supervisão da jornalista Paula Losada.

Deixe um comentário