por Da Redação
A diretoria do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo divulgou neste domingo, 2 de outubro nota sobre a proposta de nova Tabela das Áreas do Conhecimento publicada pela Comissão mista CAPES/FINEP/CNPq. A entidade considera estranha a proposta publicada pela Comissão, pois não apresenta qualquer referência da tabela de consenso construída na reunião realizada na USP, em maio, convocada pela representação da área de Comunicação no CNPq e na CAPES. Segundo o Diretor Científico do FNPJ, professor Dr. Luiz Martins, a entidade reclama o respeito aos entendimentos mantidos desde maio último com representantes dessas três entidades. Luiz Martins destaca ainda que “o FNPJ entende que se fosse pertinente a separação do Jornalismo de sua árvore original, a Comunicação, isto teria de ser feito no sentido de se considerar o status adquirido historicamente pelo Jornalismo, no mundo e no Brasil, como uma área do conhecimento que, na realidade, já comporta várias subáreas e especializações”.
A nota publicada pela FNPJ se soma às manifestações da SBPJor e INTERCOM de repúdio a atual proposta. O presidente do FNPJ, professor Dr. Gerson Luiz Martins, afirmou que as entidades representantes do Campo do Jornalismo SBPJor, FNPJ, FENAJ e com a participação da INTERCOM vão solicitar audiência com o presidente da Comissão Mista, professor Manuel Domingos Neto, para apresentar a manifestação das entidades e requerer a revisão da proposta divulgada pela Comissão.
Leia a íntegra da Nota do FNPJ:
Brasília, DF, 01 de Outubro de 2005. CARTA aberta doFórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ)Aos M. D. Representantes da Área de Comunicação junto àComissão Especial de Estudos nomeada pelo CNPq, CAPES e FINEP para propor uma Nova Tabela das Áreas do Conhecimento O Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ) vem por meio desta reivindicar junto ao CNPq, à CAPES, e à FINEP que sejam respeitados os entendimentos mantidos desde maio último com representantes dessas três entidades, por parte de um conglomerado de instituições diretamente interessadas na reclassificação da área de Comunicação, entre elas, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), o FNPJ, e a Associação Brasileira de Pesquisadores de Jornalismo (SBPJor) e que se encaminharam no sentido de considerar o Jornalismo como subárea autônoma, entre as diversas subáreas propostas para a área de COMUNICAÇÃO.O Fórum Nacional de Professores de Jornalismo vem, portanto, manifestar publicamente a sua estranheza perante a retirada do Jornalismo como subárea da Comunicação, tal como se pode constatar pela proposta publicada na página da CAPES na Internet, onde se verifica que o Jornalismo simplesmente desapareceu da “nova” Área de Comunicação. É inadmissível que o Jornalismo, estabelecido como campo técnico no Brasil, há quase 200 anos; como profissão, há quase 100 anos; como área de ensino, há mais de 60 anos; e como área de pesquisa junto às agências de fomento, há mais de duas décadas, receba, de uma hora para outra, e para a surpresa das partes consultadas, tratamento anômalo, passando a ser classificado como uma “especialidade” entre mil e tantas outras.O FNPJ entende que se fosse pertinente a separação do Jornalismo de sua árvore original, a Comunicação, isto teria de ser feito no sentido de se considerar o status adquirido historicamente pelo Jornalismo, no mundo e no Brasil, como uma área do conhecimento que, na realidade, já comporta várias subáreas e especializações e não conforme o isolamento que lhe foi destinado pela “Nova Tabela das Áreas do Conhecimento”. A segregação se torna ainda mais grave se considerarmos que permanecem na área da Comunicação outras subáreas tradicionais, entre elas, “Mídias”; e “Relações Públicas e Propaganda”.É com muita preocupação, portanto, que o FNPJ vê o desaparecimento do Jornalismo como subárea de uma área do conhecimento, ainda mais tendo em conta que o campo do Jornalismo experimenta um adensamento sem precedentes em matéria de produção, publicações científicas e organização institucional, sem contar com o papel desempenhado pelo jornalismo brasileiro no amadurecimento da vida democrática e das instituições do país. É paradoxal, portanto, verificar que, por um lado, o Jornalismo tem crescido como campo técnico, campo teórico e campo profissional. E, de outro, ser objeto de uma “reclassificação” reducionista.No momento em que lança mais uma chamada de trabalhos, desta feita, para o seu 9o congresso, o FNPJ, na condição de entidade consultada quando dos preparativos para a elaboração da “Nova Tabela das Áreas do Conhecimento” – conduzidos por Comissão Mista CNPq/CAPES/FINEP -, vem, conseqüentemente, reafirmar o seu desejo, de ver respeitado o consenso em torno da revisão da área de Comunicação, de forma a comportar as seguintes subáreas:➢ Epistemologia da Comunicação➢ Cinema e Audiovisual➢ Rádio e Televisão➢ Jornalismo➢ Relações Públicas e Comunicação Organizacional➢ Publicidade e Propaganda➢ Editoração e Cultura do Impresso➢ Cibercultura➢ Cultura Midiatizada➢ Comunicação e Interfaces Brasília (DF), 1 de outubro de 2005. Professor Dr. Gerson Luiz MartinsFórum Nacional de Professores de JornalismoPresidente Professor Dr. Luiz Martins da SilvaDiretor Científico – FNPJ