por Arthur Prado, Fernando Borges e Thaís Gomes da Silva, FCS/UERJ
Mesas debatem fim do diploma e mapeamento do ensino de jornalismo digital
Na conferência de abertura do 5º Encontro Rio-Espírito Santo de Professores de Jornalismo, no dia 27 de maio, Mirna Tonus, vice-presidente do FNPJ e professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), abordou um tema central, preocupação para a maioria dos estudantes presentes: o fim da exigência do diploma de jornalismo, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 17 de junho de 2009. Mirna lembrou que, segundo dados do Ministério da Educação, havia 100 cursos de comunicação com habilitação em jornalismo no país, em 1990. Hoje, são mais de 400.
Sou a favor do diploma, mas não pelo diploma em si, pois é preciso ter discussão em sala de aula para que o profissional seja ponderado. Senão todos os formados acabarão sendo meros digitadores de luxo”, criticou a pesquisadora, que acredita na demanda por egressos dos bons cursos de jornalismo, mesmo que o diploma não volte a ser uma exigência legal. “Entre um profissional que acha que pode ser jornalista e um jornalista formado, as empresas vão procurar o jornalista formado”, acrescentou Mirna.
Para Leonel Aguiar, coordenador do curso de jornalismo da PUC-Rio, é preciso qualificação adequada para que o jornalista consiga se inserir no mercado de trabalho: “A formação nunca termina, é preciso se especializar e se atualizar o tempo todo”. Aguiar defendeu ainda a especificidade da formação jornalística, sem que o curso de jornalismo esteja necessariamente atrelado à grande área de comunicação, suscitando um dos debates mais acalorados do dia. A discussão remete à proposta da comissão de especialistas que elaborou novas diretrizes curriculares para os cursos de jornalismo. O documento está sendo analisado pelo Ministério da Educação e foi criticado por teóricos da comunicação, que o qualificaram como uma tentativa de secessão da área. Estas críticas, no entanto, foram rebatidas enfaticamente tanto por Mirna quanto por Aguiar, que defenderam o trabalho realizado pela comissão.
Após a mesa de abertura, houve apresentação dos trabalhos inscritos na 1ª Mostra de Produção Experimental em Jornalismo, dedicada aos trabalhos desenvolvidos por graduandos da FCS/UERJ.
Mapeamento jornalismo digital
No fim da tarde, antes das conferências de encerramento, Soraya Venegas (Unesa) apresentou os resultados do Mapeamento do Ensino de Jornalismo Digital, projeto do Itaú Rumos Cultural que tem apoio do FNPJ. Em sua palestra, a pesquisadora expôs o aumento do interesse pelo jornalismo digital nos cursos de comunicação de todo o país. Soraya ressaltou, no entanto, que ainda são relativamente poucas as instituições de ensino superior que oferecem disciplinas dedicadas ao tema e as que o fazem costumam pecar pelo conservadorismo nas ementas e pela obsolescência dos equipamentos de informática. Dos 171 endereços eletrônicos de produtos laboratoriais destas disciplinas, fornecidos pelos 102 cursos de todo o país consultados na pesquisa, apenas 134 estavam ativos.
“Muitos destes endereços são de trabalhos acadêmicos passados pelo professor e que os alunos fazem para conseguir sua nota. Portanto não são muito bem acabados”, disse a professora da Unesa.
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Arthur Prado, Fernando Borges e Thaís Gomes da Silva, estudantes do 5º período de Jornalismo da FCS/UERJ