por Da Redação

A Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI divulgou a relação dos projetos selecionados para a concessão de Bolsas para Trabalhos de Conclusão de Curso do Programa de Cooperação para a Qualificação de Estudantes de Jornalismo, promovido pela entidade e pela Fundação Kellogg, com apoio do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo.

Foram selecionados os estudantes universitários (clique aqui para ver os nomes) que se inscreveram para participar do processo de concessão de bolsas para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) do Programa de Cooperação para a Qualificação de Estudantes de Jornalismo, promovido pela ANDI e pela Fundação Kellogg. Ao todo, são 27 alunos dos cursos de Comunicação e Ciências Sociais de 38 universidades brasileiras espalhadas por 13 estados que concorreram a uma das bolsas. Os sorteados receberão um auxílio de R$ 300,00 durante seis meses para desenvolver os trabalhos com foco na relação entre comunicação e a agenda social brasileira.

A variedade dos temas apresentados no concurso foi grande. Assuntos como cultura popular, violência doméstica, rádio comunitária, jornal de bairro, análise de conteúdo da mídia com foco no público infantil e outros, serão abordados nos Trabalhos de Conclusão de Curso. A idéia do programa é justamente essa: estimular nos estudantes uma aproximação do contexto social brasileiro.

“Quem sabe não desperta também nos gestores das grades curriculares a iniciativa de incluir no currículo dos cursos de Comunicação conteúdos que abordem as questões sociais que atingem o nosso país”, diz a professora Sílvia Helena Borelli, antropóloga da PUC de São Paulo que vai orientar um dos alunos selecionados pelo Programa InFormação.

Essa é a primeira etapa do programa. As bolsas dos alunos selecionados nessa primeira fase serão concedidas de fevereiro a julho. Outra fase deverá ser aberta ainda este semestre com nova publicação de edital. Esta será uma segunda etapa que financiará a pesquisa de novos alunos, desta vez, por cinco meses, de agosto a dezembro de 2007.

“Fazer bom jornalismo implica compreender as problemáticas centrais do contexto nacional. Para isso, a formação é essencial. O objetivo do programa é colaborar para a inserção desta temática na agenda dos profissionais de imprensa, a partir da universidade”, explica Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI.

Temas descontextualizados

A iniciativa de se criar o Programa InFormação surgiu da constatação de que a imprensa no Brasil discute, não raro, de maneira pouco aprofundada temas como educação, desigualdades, preconceitos de sexo e etnia, políticas públicas, direitos humanos, etc. Quando o faz, acaba sendo de maneira descontextualizada e, por isso, empobrece a discussão. Esta situação pode ser explicada, em boa medida, pela ausência destes temas na formação dos jornalistas nas universidades públicas e privadas do país.

“A maioria das emissoras e jornais de Minas Gerais não trata da questão dos direitos dos cidadãos. Esses veículos, na maioria das vezes, apenas retratam o fato sem procurar mostrar ao cidadão a quem ele deve recorrer no caso de direitos violados”, afirma o estudante Almir Élcio Moura, de 24 anos, da PUC de Minas Gerais, agraciado com uma bolsa do concurso.

Para o professor de Teoria da Comunicação da Universidade Federal do Maranhão Francisco Gonçalves de Conceição, “a universidade não pode ficar indiferente aos temas sociais”. Francisco vai orientar o TCC de uma aluna que também foi contemplada com uma das bolsas.

Cooperação dentro da universidade

A cooperação das universidades no sentido de preparar profissionais de comunicação atentos às causa sociais é fundamental para se preencher essa lacuna no jornalismo brasileiro. Segundo o professor de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Luiz Motta, introduzir a discussão sobre a cobertura de temas sociais nos cursos de jornalismo é uma medida urgente. “Esses assuntos têm sido negligenciados. A agenda social recebe pouquíssima atenção apesar de ser a mais dramática questão brasileira”, afirma Motta.

Tendo consciência desse problema, o professor Luiz Motta passou do discurso à prática. Ele é um dos parceiros da ANDI e da Fundação Kellog na tarefa de desenvolver ações de cooperação com as universidades. Motta é responsável por uma disciplina sobre crítica da mídia. Entre as discussões, os alunos são convidados a refletir sobre temas como desenvolvimento humano, desigualdade, direitos de crianças e adolescentes, educação, exploração e abuso sexual e questões de diversidade (etnia, gênero, deficiências).

Em outra parceria com a ANDI, o professor Evandro Vieira Ouriques, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vai ministrar a disciplina “Jornalismo de Políticas Públicas e Sociais” neste primeiro semestre de 2007, no curso de Comunicação.

A jornalista Marta Avancini, que trabalhou durante oito anos nas redações dos jornais de São Paulo, diz que, de fato, há pouco interesse dos veículos de comunicação em abordar assuntos sociais. Geralmente, a iniciativa parte dos repórteres e, apenas com isso, os jornais pensam que estão dando a atenção necessária a esses temas.

“Numa redação de jornal, para uma pauta ser publicada, depende tanto do interesse da empresa como da formação do jornalista. Assim, fazer essa discussão de baixo para cima (da universidade ao mercado) é importante porque pode quebrar essa cultura de se aprender apenas a técnica na faculdade”, enfatiza a jornalista.

Informações:

ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência

Coordenação de Relações Acadêmicas

(61) 2102 6535 / 6537 / 6547

www.informacao.andi.org.br

Foto: Membros do Conselho Consultivo do Programa InFormação/ANDI

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