por Lorenna Costa

Com uma programação voltada para professores, pesquisadores, profissionais e alunos de jornalismo, o Encontro Regional de Ensino de Jornalismo (Erejor) percorreu as regiões sul e sudeste, no mês de novembro, e já tem data marcada para ocorrer neste mês de dezembro, entre os dias 15 e 16, na região norte.

Erejor Sul

O Encontro Regional Sul de Ensino de Jornalismo ocorreu, nos dias 18 e 19 de novembro, no Laboratório de Comunicação e Artes (LabCom) da PUCPR, em Curitiba. Em formato híbrido, o evento possibilitou ao público participação de maneira remota e presencial.

O encontro iniciou com palestra de abertura de Eduardo Meditsch (UFSC/UnB), jornalista, professor, pesquisador e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, que abordou o tema “O Ensino de Jornalismo em tempos de convergência midiática”.

A programação contou ainda com debate e apresentação de atividades de grupos de extensão. Em overview, o diretor Sul da Abej, Felipe Adam, afirma que eventos como esse desempenham um importante papel no resgate da aproximação entre os coordenadores e corpo docente das instituições que estão mais distantes das capitais. Felipe também ressaltou que discussões acerca do profissionalismo do jornalismo são de extrema relevância em um período político de negacionismo científico e ataques recorrentes à imprensa. O diretor relata ainda que o Erejor Sul é um evento para atrair olhares de novos estudantes para a universidade, em vista da resistência à prática jornalística fomentada pelo atual governo contra os profissionais de comunicação presentes na academia.

Em incentivo a pesquisa, o evento contou com 6 grupos temáticos de atividades de extensão, ensino de ética e teorias do jornalismo, produção científica, produção laboratorial, projetos pedagógicos e metodologias de ensino e pesquisa na graduação, sendo que no último, houve uma participação significativa, somando 20 dos 44 trabalhos submetidos. O encontro também serviu como um espaço para que os alunos e graduandos de jornalismo tivessem a oportunidade de apresentar trabalhos resultantes de PIBIC, TCC, monografias, atividades de extensão, entre outros. A expectativa é que posteriormente essas pesquisas sejam publicadas em revistas científicas. “A valorização do campo profissional é importantíssima, nós temos várias entidades que fazem isso, mas a ABEJ em um primeiro momento, acima de tudo, ensina jornalismo de acordo com as tendências, com as mudanças. Nós precisamos entender o que está acontecendo no mercado, nas universidades, para que os jovens possam trazer os seus trabalhos em andamento, trabalhos como conclusão de curso, e assim por diante”, afirma Felipe.

Erejor Sudeste

O Encontro Regional Sudeste de Ensino de Jornalismo foi realizado entre os dias 24 e 25 de novembro, promovido pela Faculdade de Comunicação da UFJF, em parceria com a ABEJ (Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo). O evento ocorreu de forma totalmente remota e teve como tema Jornalismo: (in)formação essencial para a Democracia. A programação dispôs duas mesas de debate, com a presença de Felipe Pena (UFF), Flávia Delgado (UNG/SP), Edgard Rebouças (UFes) e Francisco Brinati (UFSJ).

Na ocasião, também aconteceu uma reunião com coordenadores de cursos de graduação em jornalismo, sessões de apresentação de trabalhos de grupos de pesquisa e trabalho, finalizando com a leitura da carta do Erejor Sudeste. Iluska Coutinho, diretora da ABEJ Sudeste, relata a importância do evento para o ensino de Jornalismo, “Em um país de dimensões continentais como o Brasil, é importante a presença da ABEJ mais próxima daqueles que vivem os cursos de Jornalismo de perto: professores, alunos, técnicos, egressos. Por isso a estratégia de realizar eventos a partir das diretorias regionais permite, além de tornar possível o desejo de presença, participação e inclusão com mais diversidade e pluralismo, também identificar particularidades na formação em Jornalismo ao longo do país.” Coutinho salienta ainda que eventos regionais são uma forma de fortalecimento, não somente da ABEJ enquanto associação, mas sobretudo dos cursos de Jornalismo, em um momento em que a atividade profissional de jornalistas se mostra tão central para a democracia.

Marluce Zacariotti, professora de jornalismo na Universidade Federal de Tocantins e atual presidente da Abej, pontua que os encontros regionais da ABEJ são oportunidades para a discussão do ensino de jornalismo a partir das especificidades de cada região do país. “A ABEJ é esse espaço para pensarmos o ensino, as metodologias, as questões pedagógicas, a partir das reflexões apresentadas em nossos GPs, em nossos eventos e nas trocas fundamentais com professores(as) e pesquisadores (as) da área. Temos feito esforços no sentido de representar os interesses do ensino de jornalismo junto às entidades e aos organismos reguladores da educação no País. E temos muitos desafios pela frente, especialmente nesse momento, que, passados 10 anos de implementação das diretrizes curriculares, somos convocados a discutir e avaliar essas diretrizes. Por isso são tão importantes os encontros regionais, porque levantam situações e nos ajudam a traçar diagnósticos. Além disso, é uma ótima oportunidade para coordenadores trocarem experiências e pensarem conjuntamente em soluções para melhoria de seus cursos.”

Zacariotti reforça convite voltado para professores(as) e alunos (as) a se juntaram à Abej, ressaltando o compromisso da entidade para com a defesa da qualidade do ensino de jornalismo.

Erejor Norte

Promovido pela Universidade da Amazônia (UNAMA) em parceria com a ABEJ, o Erejor Norte terá como tema central os desafios no ensino do jornalismo na região norte, ocorrendo de forma totalmente remota entre os dias 15 e 16 de dezembro. A programação iniciará com debate sobre o ensino do jornalismo na Amazônia Legal em conferência de abertura, com a presença de Vânia Torres (UFPA e pós doc PPGCL Unama) e Ivania Vieira (Ufam), mediado por Rodolfo Marques, professor do curso de Jornalismo da UNAMA.

No segundo dia, o evento terá palestra com tema “A interface entre Políticas Públicas e o ensino de Jornalismo na região Norte“, com a presença de Adriana Tigre (professora doutora da UFT) e do professor Antônio Carlos Tonga (UNAMA), em debate mediado pela professora da UNAMA, Ivana Cláudia Guimarães de Oliveira. Na ocasião, ocorrerá também uma reunião de coordenadores de curso abordando a curricularização da extensão na região Norte, mediado por Hans Costa, coordenador do curso de Jornalismo da UNAMA e Rodolfo Marques, professor do curso de Jornalismo da UNAMA.

Assim como nas edições do Erejor nas regiões Sul e Sudeste, o evento também contará com apresentação de grupos de pesquisa e de trabalho, além de uma de encerramento que terá como pauta o futuro da formação jornalística na Amazônia, com a presença de Otacílio Amaral (UFPA). Adriana Tigre avalia a importância de falar sobre políticas públicas em um evento como o Erejor, “a proposta é a de ampliar o espaço para a discussão das políticas públicas no jornalismo desde a graduação.” Tigre explica que em outros cursos da Universidade Federal do Tocantins, a qual é professora, como Direito e Administração, há disciplinas ligadas a políticas públicas, predominando caráter optativo.

O novo Projeto Político Pedagógico (PPC) do curso de Jornalismo da UFT prevê a inclusão de uma disciplina específica e obrigatória relacionando Jornalismo e políticas públicas, contribuindo para a discussão deste tema interdisciplinar dentro do ensino de formação da profissão. “É importante compreender a relevância do tema das políticas públicas, tanto para a leitura das relações sociais e políticas entre os Estado e a sociedade civil, como para embasar os textos jornalísticos neste contexto.” Portanto, para entender esses espaços de poder e o papel dos diversos agentes políticos e sociais, o jornalista desde a sua formação precisa conhecer, ainda no contexto acadêmico, qual é o papel do Estado, distinguir essas habilidades e competências em todas as instâncias de poder, desde o legislativo ao judiciário, e sobretudo o executivo, que é o grande executor e responsável por prover a população quanto às políticas públicas, afirma Adriana.

Mário Camarão, diretor da ABEJ Norte, enfatiza a relevância do diálogo entre os profissionais pertencentes aos estados que compõem a região norte sobre as estratégias desenvolvidas em seus cursos, projetos pedagógicos e metodologias de ensino, como fatores de potencialização na formação de novos jornalistas. “É uma honra para a Universidade da Amazônia receber o Encontro Regional Norte da ABEJ e congregar gestores e professores para discussões importantes sobre o futuro do Jornalismo em um momento de grandes transformações.” O diretor da ABEJ Norte ressalta que a Amazônia só tem a ganhar com o Erejor. “Representa a produção de pensamento crítico diante das mutações da prática jornalística, especialmente em relação a processos a nível regional, de características específicas do jornalismo que é feito na região amazônica”, conclui Mário.

Acompanhe todas as informações do Encontro Regional de Ensino Norte no perfil da ABEJ nas redes sociais: @abej_oficial no Instagram ABEJ no Facebook

ENEJOR 2023

E é importante lembrar que o Encontro Nacional de Ensino de Jornalismo de 2023 será na UFAM, em Manaus, de 25 a 28 de abril. Agende-se!

Deixe um comentário