Coordenadores discutem expectativas com novas diretrizes no ensino de jornalismo
por Luciane Justus
A reunião entre coordenadores de curso de Jornalismo, realizada no sábado, 27 de abril, no II Fórum Sul-brasileiro de Professores de Jornalismo, teve ponto central as expectativas quanto ao texto final que deve ser homologado pelo Ministro da Educação sobre as Diretrizes Nacionais Curriculares ao ensino superior, aprovadas em fevereiro deste ano.
O professor e pesquisador Eduardo Meditsch, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um dos membros da comissão que elaborou as diretrizes encaminhadas ao MEC, esclareceu dúvidas sobre os desafios e etapas que seguem na implementação das mesmas, após a divulgação do texto no Diário Oficial
Meditsch destaca que o momento representa uma nova etapa no processo de uma reivindicação histórica quanto às diretrizes próprias na formação superior em Jornalismo. Segundo o pesquisador, o processo pelo qual o campo do Jornalismo aguarda hoje é uma tendência dos cursos no Brasil, e lembra que o curso de Cinema foi um dos primeiros a garantir suas especificidades traduzidas em Diretrizes Curriculares (em 2006), e que da mesma forma, os cursos de Relações Públicas e Publicidade iniciaram o mesmo caminho no esforço de reconhecer junto ao ministério suas bases no ensino superior.
Para compreender a etapa que segue, Meditsch afirma que as diretrizes definem conteúdos e não disciplinas, não é currículo mínimo, cada instituição define suas disciplinas. O desafio maior, segundo o pesquisador, é enfrentar uma mudança de paradigmas que deve tirar professores e alunos de uma certa zona de conforto. “A universidades devem formar jornalistas aptos para atender às necessidades de informações da sociedade em todos os seus setores, que entendam seu papel único e insubstituível nesse cenário”, defende Meditsch.
A teoria e a prática, na perspectiva das novas diretrizes curriculares, estão contempladas na formação integral do profissional do Jornalismo – no esforço de que a teoria esteja orientada para a prática e, a prática por sua vez, orientada por uma teoria que reconheça primordialmente a realidade brasileira.
Nesse aspecto, para o pesquisador, falta clareza teórica do que é o jornalismo, é fundamental que os alunos conheçam a história da profissão e seus cânones. “O aluno precisa entender de democracia, capitalismo, economia, conhecer o contexto latino americano e a globalização, para formar jornalistas que entendam o Brasil e conheçam o que temos de melhor como referência aqui e nos outros países”, destaca Meditsch.
A reunião teve como debatedor o professor e também pesquisador Jorge Arlan Pereira da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), que destacou a urgência de discutir os processos e as necessárias flexibilizações na fase de implementação das diretrizes. “Uma coisa é entendê-las como legitimas e necessárias, outra é entender a necessidade de discutí-las para implementação”, alerta o professor.
Por mais de duas horas, os participantes do fórum discutiram algumas dúvidas, indicando pontos que exigem reflexão por parte dos coordenadores no esforço de que os currículos estejam comprometidos com os valores da profissão.
O professor Marcelo Engel Bronosky (UEPG), coordenador do evento e vice-presidente do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), relatou reunião realizada no Conselho Nacional de Educação, em Brasília, com integrantes da comissão técnica do CNE, afirmando que a etapa, agora, é de operacionalização e o encaminhamento do texto final aprovado.
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